São Paulo, sábado, 02 de julho de 2011

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Identidades em trânsito são tema de Caryl Phillips

Britânico de origem caribenha vem à Festa Literária Internacional de Paraty e lança 3º romance no Brasil

O escritor, que estará no evento na quinta, fala do livro "A Travessia do Rio", sobre a história dos negros nos EUA

FRANCESCA ANGIOLILLO
EDITORA-ADJUNTA DA ILUSTRADA

A primeira grande viagem de Caryl Phillips se deu aos quatro meses de idade, quando emigrou com seus pais da ilha caribenha de São Cristóvão a Leeds, no Reino Unido.
Duas décadas depois, de volta ao outro lado do Atlântico, viajando pela Califórnia, o estudante de literatura de Oxford teria um lampejo ao ler o romance "Filho Nativo", de Richard Wright: seria escritor.
Estar fora da Inglaterra, onde nunca se sentiu "100% à vontade", como conta por telefone à Folha, fez com que percebesse sua vocação.
Quatro peças, nove romances e cinco livros ensaísticos depois, ele -que lança no Brasil "A Travessia do Rio"- desembarca em Paraty na próxima semana.
O romance, seu terceiro livro a sair no país, parte da venda de três crianças, por seu próprio pai, para um traficante de escravos.
As três personagens viajam não só no espaço mas também no tempo: ao longo da narrativa, Nash, Martha e Travis se tornam símbolos de 250 anos de história dos negros nos Estados Unidos.
Nash vai para a Libéria em 1830, a fim de catequizar os africanos; Martha empreende a corrida para o Oeste no fim do século 19; e Travis é um soldado lotado na Inglaterra na Segunda Guerra.
A figura do desterrado, constante na obra de Phillips, traz à tona como verdadeiro tema do autor as questões de identidade -mais do que as de raça, que podem parecer predominantes.
Na Flip, ele fala sobre ficções da diáspora com a também britânica (de origem paquistanesa) Kamila Shamsie. Tema adequado ("embora não o tenha escolhido") para alguém que divide seu tempo entre os dois lados do oceano, indo de Nova York, onde vive desde os anos 90, a Londres e à África, em parte graças aos cursos de literatura que dá na Universidade Yale.
Desde a iluminação inicial nos anos 80, Phillips costuma se encontrar em viagens e escreve bem em trânsito.
Para terminar "A Travessia do Rio", por exemplo, foi de Londres a Paris para se trancar num quarto de hotel.
"Tinha escrito o corpo principal do livro, o que me tomou uns dois anos. Senti que precisava de uma voz que amarrasse o romance como um todo", recorda.
Nem precisou chegar ao hotel. No táxi, escreveu à mão tudo o que faltava. "Passei a semana no cinema."

A TRAVESSIA DO RIO

AUTOR Caryl Phillips
EDITORA Record
TRADUÇÃO Gabriel Zide Neto
QUANTO R$ 39,90 (320 págs.)
NA FLIP quinta (7/7), às 17h15, mesa 3, "Ficções da Diáspora"


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