IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha

A Hebraica abriga hoje aquele que deve ser o espetáculo pianístico do ano. O alemão Gerhard Oppitz, 44, dá recital único no teatro Arthur Rubinstein.
Em ano de Copa do Mundo, não custa lembrar que a música erudita, a exemplo do futebol, gosta de aprontar suas surpresas. Mas seria uma zebra muito grande se Oppitz não fizesse um grande concerto.
E, levando em conta o número exíguo de pianistas de nível internacional programado para dar recital na cidade, o de Oppitz corre o sério risco de ser o melhor.
Menino-prodígio, começou ao tocar piano aos cinco anos. A primeira aparição pública ocorreu aos 11 e o sucesso internacional aos 24 - quando se tornou o primeiro alemão a vencer o concurso Arthur Rubinstein, em Tel-Aviv.
Com vasta carreira fonográfica, Oppitz é hoje artista exclusivo da Deutsche Grammophon. Especializou-se em Brahms, tendo apresentado 17 ciclos completos do compositor em alguns dos principais centros musicais do planeta.
Entretanto Oppitz não programou nenhuma peça desse autor para seu recital paulistano, que começa com a "Sonata nš 2 em Fá Maior", KV 280, de Mozart.
Em seguida, vem a célebre sonata "Appassionata", de Beethoven. Vale a pena prestar muita atenção no Beethoven de Oppitz -afinal, ele foi aluno de Wilhelm Kempff, pianista cujas gravações firmaram o padrão interpretativo do compositor alemão neste século.
A relação entre Oppitz e Kempff era tão próxima que, após o falecimento deste, o primeiro veio a assumir as aulas que eram por eles ministradas na cidade italiana de Positano.
O programa é completado pela "Fantasia em Fá Menor op. 49", de Chopin, e por um "tour de force" intitulado "Wanderer-Fantasie" - a mais bem acabada obra de Schubert para teclado, cuja dificuldade técnica faz com que seja pouco executada ao vivo.

Concerto: Gerhard Oppitz (piano)
Onde: A Hebraica - Teatro Arthur Rubinstein (r. Hungria, 1.000, tel. 818-8888)
Quando: hoje, às 21h Quanto: R$ 60; R$ 50 (sócios); R$ 30 (estudantes)


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