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MÚSICA ERUDITA
Canal da Música em Curitiba teve inauguração anteontem, com apresentação de trios de Beethoven
Espaço deve abrigar orquestra jovem
IRINEU FRANCO PERPETUO
enviado especial a Curitiba
Uma apresentação do trio Kalichstein-Laredo-Robinson marcou a inauguração parcial do Canal da Música, anteontem à noite,
em Curitiba.
O Canal da Música é um prédio
que pertencia aos Diários Associados e integrou o patrimônio da
Caixa Econômica Federal, ficando
desativado por um período de
mais de 15 anos.
Está passando por grandes reformas, visando não apenas abrigar os estúdios da Rádio e Televisão Educativa do Paraná, mas,
principalmente, transformá-lo em
um centro para a formação de novos talentos musicais. A maior
parte do projeto, entretanto, ainda
não saiu do papel.
O governo estadual do Paraná
adquiriu o edifício da Caixa Econômica Federal graças a financiamento da própria, em 1995, por
um valor de R$ 975.452,36, parcelado em seis vezes.
As obras de reparo e adaptação
da área foram iniciadas em maio
do ano passado, por um valor
contratado de R$ 5.469.329,65.
O grande parceiro privado do
evento é o BankBoston, que está
adquirindo o Banestado (banco
estadual paranaense). Por isso, a
idéia inicial era trazer a Sinfônica
de Boston -descartada por cobrar R$ 800 mil.
A Folha apurou que R$ 450 mil
foi o valor pago aos integrantes do
trio Kalichstein-Laredo-Robinson
para um total de três concertos e
duas master classes.
Beethoven
O programa da noite de anteontem foi composto por três trios de
Beethoven: "Trio em Si Bemol
Maior, op. 11", "Fantasma" e
"Arquiduque".
Muita gente saiu da sala logo
após a execução da primeira obra.
Essas pessoas ficaram conversando em voz alta do lado de fora e o
som vazava para dentro do auditório. Como nem público nem intérpretes pareceram muito interessados em bis, esse acabou não
acontecendo.
Convênios
A primeira atividade concreta a
ter lugar no Canal da Música será
uma oficina de orquestra jovem,
programada para o período entre
26 de julho e 1º de agosto.
A oficina é o passo inicial na direção de uma orquestra jovem que
ficaria baseada no edifício. Estão
previstos convênios com a Orquestra Jovem de Boston e, caso o
novo grupo alcance o nível pretendido por seus idealizadores, o
Paraná pode chegar à paradoxal
situação de ter uma orquestra não
profissional melhor do que a profissional.
Isso porque a Orquestra Sinfônica do Paraná (Osinpa) -que, a
exemplo da futura orquestra jovem, é mantida pelo governo do
Estado- encontra-se em uma das
mais sérias crises de sua história.
O regente Roberto Duarte acaba
de aceitar o cargo de diretor artístico da Osinpa.
Mas fica difícil saber o que o
maestro poderá fazer com músicos cujo salário médio é de R$
1.400.
Situação mais difícil vive o também estadual coro do teatro Guaíra. Seus integrantes, que eram
chamados a cada vez que o grupo
era requisitado, recebendo uma
média de R$ 200 por trabalho, receberam há poucos meses a notícia de que o coro foi dissolvido.
O jornalista
Irineu Franco Perpetuo viajou a
Curitiba a convite da Secretaria de Estado da
Cultura do Paraná.
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