São Paulo, quinta, 2 de julho de 1998

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MÚSICA ERUDITA
Canal da Música em Curitiba teve inauguração anteontem, com apresentação de trios de Beethoven
Espaço deve abrigar orquestra jovem

IRINEU FRANCO PERPETUO
enviado especial a Curitiba

Uma apresentação do trio Kalichstein-Laredo-Robinson marcou a inauguração parcial do Canal da Música, anteontem à noite, em Curitiba.
O Canal da Música é um prédio que pertencia aos Diários Associados e integrou o patrimônio da Caixa Econômica Federal, ficando desativado por um período de mais de 15 anos.
Está passando por grandes reformas, visando não apenas abrigar os estúdios da Rádio e Televisão Educativa do Paraná, mas, principalmente, transformá-lo em um centro para a formação de novos talentos musicais. A maior parte do projeto, entretanto, ainda não saiu do papel.
O governo estadual do Paraná adquiriu o edifício da Caixa Econômica Federal graças a financiamento da própria, em 1995, por um valor de R$ 975.452,36, parcelado em seis vezes.
As obras de reparo e adaptação da área foram iniciadas em maio do ano passado, por um valor contratado de R$ 5.469.329,65.
O grande parceiro privado do evento é o BankBoston, que está adquirindo o Banestado (banco estadual paranaense). Por isso, a idéia inicial era trazer a Sinfônica de Boston -descartada por cobrar R$ 800 mil.
A Folha apurou que R$ 450 mil foi o valor pago aos integrantes do trio Kalichstein-Laredo-Robinson para um total de três concertos e duas master classes.

Beethoven
O programa da noite de anteontem foi composto por três trios de Beethoven: "Trio em Si Bemol Maior, op. 11", "Fantasma" e "Arquiduque".
Muita gente saiu da sala logo após a execução da primeira obra. Essas pessoas ficaram conversando em voz alta do lado de fora e o som vazava para dentro do auditório. Como nem público nem intérpretes pareceram muito interessados em bis, esse acabou não acontecendo.

Convênios
A primeira atividade concreta a ter lugar no Canal da Música será uma oficina de orquestra jovem, programada para o período entre 26 de julho e 1º de agosto.
A oficina é o passo inicial na direção de uma orquestra jovem que ficaria baseada no edifício. Estão previstos convênios com a Orquestra Jovem de Boston e, caso o novo grupo alcance o nível pretendido por seus idealizadores, o Paraná pode chegar à paradoxal situação de ter uma orquestra não profissional melhor do que a profissional.
Isso porque a Orquestra Sinfônica do Paraná (Osinpa) -que, a exemplo da futura orquestra jovem, é mantida pelo governo do Estado- encontra-se em uma das mais sérias crises de sua história.
O regente Roberto Duarte acaba de aceitar o cargo de diretor artístico da Osinpa.
Mas fica difícil saber o que o maestro poderá fazer com músicos cujo salário médio é de R$ 1.400.
Situação mais difícil vive o também estadual coro do teatro Guaíra. Seus integrantes, que eram chamados a cada vez que o grupo era requisitado, recebendo uma média de R$ 200 por trabalho, receberam há poucos meses a notícia de que o coro foi dissolvido.


O jornalista Irineu Franco Perpetuo viajou a Curitiba a convite da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná.



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