|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Chegar aos 25 anos de grupo é "milagre", diz ator
Eduardo Moreira, um dos fundadores do Galpão, lembra os desafios da companhia mineira, que chega agora à 17º peça
De viagens a bordo de duas Brasílias até a miniatura do ônibus de "Pequenos Milagres", grupo percorreu 38 cidades no Brasil e 17 países
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o ator Eduardo Moreira,
46, um dos fundadores do Galpão em outubro de 1982, completar 25 anos de grupo não
deixa de ser um "milagre".
"É muita estrada e com grandes problemas, em especial nos
primeiros anos. A tentativa de
consolidar um grupo, trabalhando com alguma clareza e
muita precariedade, como então trabalhavam 99% dos artistas no país; se considerar tudo o
que passamos, isso [as bodas de
prata] é mesmo um milagre",
diz. Moreira é dos mais ativos
narradores de memórias no
blog do elenco, em www.grupogalpao.com.br/blog.
Das viagens iniciais a bordo
de duas Brasílias, a de Moreira
e a do colega Chico Pelúcio,
passando pela Veraneio transformada em palco em "Romeu
e Julieta" (1992), até a miniatura do ônibus do moleque de
"Cabeça de Cachorro", em "Pequenos Milagres", o 17º espetáculo, o Galpão já rodou por 38
cidades brasileiras e 17 países.
A vocação mambembe permanece, mas amadureceu. Sobretudo a partir de 2000, quando o coletivo conquistou patrocínio exclusivo da Petrobrás
(R$ 2,7 milhões/ano), o que
passou a garantir produção das
peças, turnês, remuneração da
equipe, manutenção da sede,
comprada em 1989 etc.
Há ainda um segundo braço,
o centro cultural Cine Horto,
na mesma rua Pitangui da zona
leste da capital mineira, aberto
em 1998 e mantido por lei de
incentivo (Usiminas e Cemig,
cerca de R$ 1 milhão em 2006).
Uma das características do
Galpão é que se trata de um núcleo de atores; não gira em torno de um diretor. Ora um deles
assume a função, ora esta é delegada a um convidado, como
Eid Ribeiro, Cacá Carvalho,
Paulo José e Gabriel Villela
-este dirigiu "Romeu e Julieta", exibida inclusive no Globe
Theatre de Londres (2000).
Curiosamente, Villela está
em cartaz no Sesc Santana com
"Salmo 91", espetáculo do qual
faz parte um dos 13 atores associados do Galpão, Rodolfo Vaz,
que não participa da nova
montagem. (Para completar as
artes cênicas mineiras na cidade neste mês, o Grupo Corpo
apresenta sua nova coreografia, "Breu", no teatro Alfa.)
Moreira e Pelúcio atuam ao
lado de Antonio Edson, Arildo
de Barros, Beto Franco, Inês
Peixoto, Júlio Maciel, Lydia
Del Picchia, Paulo André e Simone Ordones. Com eles, o diretor Paulo de Moraes, convidado da vez, incorpora bagagem dos 20 anos da Armazém
Cia. de Teatro, nascida em
Londrina e radicada no Rio.
"O teatro no Brasil mudou
muito nos últimos 20 anos. Incluindo o gosto do público. Os
grupos fizeram um trabalho de
formação de platéia, mais disposta a diálogos com produções sofisticadas em relação ao
pensamento, um dos princípios do teatro feito em grupo",
diz Moraes.
(VALMIR SANTOS)
Texto Anterior: Tenda dos milagres Próximo Texto: Trechos Índice
|