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LITERATURA
Escritor lança "Seis Mil em Espécie", esperada continuação do premiado livro policial "Tablóide Americano"
"Este é o mundo de Ellroy", diz Ellroy
IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Sexo, sangue, dinheiro e poder.
Eis aí os quatro pilares do mundo
de James Ellroy, 54, conforme
descrito em seus livros. Não apenas em ficções, como o best seller
"Los Angeles - Cidade Proibida",
mas também em sua autobiografia, "Meus Lugares Escuros", em
que descreve o assassinato de sua
mãe, sua vida de adolescente ladrão de calcinhas e de adulto viciado em drogas.
O mundo de Ellroy continua a
toda em "Seis Mil em Espécie", o
livro mais esperado dos últimos
anos por fãs da ficção policial.
Desde 96, Ellroy não publicava
um livro com trabalho inédito.
Além disso, "Seis Mil" é a continuação de sua melhor obra, "Tablóide Americano", premiado pela "Time" em 95 como livro do
ano. São as duas primeiras partes
do que Ellroy chama de Trilogia
do Submundo Americano.
Leia a seguir entrevista que Ellroy concedeu à Folha por e-mail.
Folha - Há algumas semanas, a
Folha revelou que uma unidade policial (Gradi), criada para investigar
casos de racismo e intolerância, estava recrutando detentos nas prisões de SP para infiltrá-los em quadrilhas. Em oito meses de ação,
aconteceram pelo menos 22 mortes e 7 prisões. Bem, as histórias
que o sr. escreve parecem violentas
demais para ser verdade, mas este
caso poderia estar em um de seus
livros, não é?
James Ellroy - Este é o mundo de
Ellroy. E você vive nele.
Folha - Em seus livros anteriores,
o sr. mudava os personagens principais a cada obra. Mas os dois de
"Seis Mil em Espécie" já estavam
em "Tablóide Americano". O sr. está ficando sentimental com eles?
Ellroy - A diferença é que a Trilogia Americana foi concebida como uma trilogia desde o início.
Mas existe uma continuidade em
alguns personagens do Quarteto
de Los Angeles, como Ellis Loew,
Duddley Smith e Ed Exley. "Dália
Negra" não foi escrita no contexto
do Quarteto. Mas os volumes seguintes, "O Grande Deserto", "LA
- Cidade Proibida" e "Jazz Branco", foram concebidos depois.
Folha - Outra diferença: nos quatro livros ambientados em Los Angeles, os personagens eram movidos por interesses basicamente sexuais. Agora, na trilogia, os crimes
parecem ter uma motivação política. É isso mesmo?
Ellroy - Sim. Está certo, apesar de
que ainda há um violento sentido
de motivação sexual em muitos
deles. E também acho que já havia
uma grande quantidade de política nos livros do Quarteto, com exceção do primeiro, "Dália Negra".
Folha - No fim da década de 80 e
primeira parte da de 90 o sr. estava
lançando livros a cada um ou dois
anos. Mas depois do autobiográfico "Meus Lugares Escuros", em que
o sr. descreve o assassinato de sua
mãe, passaram-se cinco anos sem
lançar nada. Por quê?
Ellroy - Os livros da Trilogia
Americana são muito maiores e
exigem muito mais pesquisa.
Folha - O sr. acha que esse tempo
extra de preparação está fazendo
seus livros melhorarem?
Ellroy - Eu nunca sou mesquinho. Seja o que for que o livro exija, eu faço.
Folha - Em "Seis Mil em Espécie",
há muitos detalhes sobre a máfia
nos EUA. O sr. entrevistou mafiosos
para criar essa história?
Ellroy - Não. Eu apenas contrato
pessoas para fazer pesquisas em
livros. Apesar de escrever sobre a
máfia, eu não aprovo a existência
de gângsters e jamais passaria algum tempo com um deles, cara a
cara. O que eu escrevo sobre mafiosos vem da leitura e da minha
própria imaginação.
Folha - E quanto ao último volume da Trilogia?
Ellroy - Ainda não tem nome.
Deve estar nas livrarias daqui a
três anos ou três anos e meio. E será, sim, o volume final.
Folha - É difícil pensar em um livro mais violento que os que o sr.
escreveu. O sr. já leu algum mais
violento?
Ellroy - Francamente, não.
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