São Paulo, segunda-feira, 02 de setembro de 2002

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CINEMA

Começando também no Rio, evento apresenta sete filmes, seis dos quais inéditos, em mais 12 cidades, até outubro

Produção da França ganha festival em SP

FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mostrar que filme francês "não é necessariamente chato, intelectual" é o objetivo de André Sturm, 36. Ou, ao menos, foi o objetivo do cineasta e distribuidor paulista ao idealizar o primeiro Festival de Cinema Francês.
O evento exibirá sete filmes, de hoje a quinta, em São Paulo e no Rio, e migra, da semana que vem até meados de outubro, para mais 12 cidades brasileiras. A cada semana, duas cidades hospedarão o festival, nesta ordem: Campinas e Brasília, Ribeirão Preto e Guarulhos, Goiânia e Curitiba, Salvador e Porto Alegre, Fortaleza e Belo Horizonte, Aracaju e Recife.
Dono da distribuidora Pandora, Sturm responde por vários dos lançamentos nacionais de filmes produzidos na França, país que é o maior celeiro do que se convencionou chamar "cinema de arte" -rótulo que ultimamente acabou se ampliando para designar toda e qualquer produção que não venha de Hollywood.
O bom momento das produções francesas -que conquistaram 43% dos espectadores nas salas da França em 2001- e, em especial, o sucesso internacional de "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" se juntaram a "uma série de pequenas coisas", no dizer de Sturm, para que ele começasse a pensar um evento desse tipo.
O fator decisivo foi a irregularidade da carreira do filme "O Gosto dos Outros", um dos importados pela Pandora neste ano, o qual teve grande êxito no Rio e em São Paulo, mas foi "muito mal" no resto do país.
"Concluí que se devia a um problema de comunicação, de desconhecimento", diz Sturm, para quem São Paulo e Rio "têm tradição de filme europeu", o que não acontece em outras cidades. "É uma tentativa de criar uma onda de interesse, para motivar as pessoas a experimentar."
Em Campinas e Brasília, o festival contará ainda com o reforço da presença da atriz Hélène Fillières, de "Um Dia de Rainha".

Retorno comercial
Sturm não nega que legisla em causa própria ao criar o evento. Como um festival sempre vem cercado de mais atenções do que uma estréia convencional, ele vê o evento como uma possibilidade de atrair maior retorno comercial quando os filmes entrarem em cartaz nas mesmas cidades.
Por isso, Sturm se espantou por não ter conseguido atrair muitas empresas francesas para a iniciativa -além da Aliança Francesa e do consulado da França em São Paulo, o encontro conta com o patrocínio do Bradesco Seguros e com o apoio da Unifrance, órgão de difusão do cinema francês.
Ainda assim, é inegável que um encontro desse gênero abre as portas para outras iniciativas ligadas a cinematografias nacionais extra-Hollywood. A formação do público fica sendo, desse modo, a maior justificativa do festival.
Talvez para garantir distância do estigma de chatice que ronda as produções francesas na boca do grande público, quatro dos sete filmes são comédias (veja no quadro abaixo sinopses e a programação em São Paulo).
Dentro do mesmo pensamento, Sturm preferiu, sempre que pôde, fechar contrato de exibição com cinemas do tipo multiplex, normalmente associados a filmes mais comerciais.
O acordo fechado por Sturm com as salas de exibição do festival (uma em cada cidade) prevê ainda que ao menos três das películas participantes estréiem, uma a cada mês, nos meses subsequentes ao evento.



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