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CINEMA
Começando também no Rio, evento apresenta sete filmes, seis dos quais inéditos, em mais 12 cidades, até outubro
Produção da França ganha festival em SP
FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mostrar que filme francês "não
é necessariamente chato, intelectual" é o objetivo de André Sturm,
36. Ou, ao menos, foi o objetivo
do cineasta e distribuidor paulista
ao idealizar o primeiro Festival de
Cinema Francês.
O evento exibirá sete filmes, de
hoje a quinta, em São Paulo e no
Rio, e migra, da semana que vem
até meados de outubro, para mais
12 cidades brasileiras. A cada semana, duas cidades hospedarão o
festival, nesta ordem: Campinas e
Brasília, Ribeirão Preto e Guarulhos, Goiânia e Curitiba, Salvador
e Porto Alegre, Fortaleza e Belo
Horizonte, Aracaju e Recife.
Dono da distribuidora Pandora,
Sturm responde por vários dos
lançamentos nacionais de filmes
produzidos na França, país que é
o maior celeiro do que se convencionou chamar "cinema de arte"
-rótulo que ultimamente acabou se ampliando para designar
toda e qualquer produção que
não venha de Hollywood.
O bom momento das produções francesas -que conquistaram 43% dos espectadores nas salas da França em 2001- e, em especial, o sucesso internacional de
"O Fabuloso Destino de Amélie
Poulain" se juntaram a "uma série
de pequenas coisas", no dizer de
Sturm, para que ele começasse a
pensar um evento desse tipo.
O fator decisivo foi a irregularidade da carreira do filme "O Gosto dos Outros", um dos importados pela Pandora neste ano, o
qual teve grande êxito no Rio e em
São Paulo, mas foi "muito mal"
no resto do país.
"Concluí que se devia a um problema de comunicação, de desconhecimento", diz Sturm, para
quem São Paulo e Rio "têm tradição de filme europeu", o que não
acontece em outras cidades. "É
uma tentativa de criar uma onda
de interesse, para motivar as pessoas a experimentar."
Em Campinas e Brasília, o festival contará ainda com o reforço
da presença da atriz Hélène Fillières, de "Um Dia de Rainha".
Retorno comercial
Sturm não nega que legisla em
causa própria ao criar o evento.
Como um festival sempre vem
cercado de mais atenções do que
uma estréia convencional, ele vê o
evento como uma possibilidade
de atrair maior retorno comercial
quando os filmes entrarem em
cartaz nas mesmas cidades.
Por isso, Sturm se espantou por
não ter conseguido atrair muitas
empresas francesas para a iniciativa -além da Aliança Francesa e
do consulado da França em São
Paulo, o encontro conta com o
patrocínio do Bradesco Seguros e
com o apoio da Unifrance, órgão
de difusão do cinema francês.
Ainda assim, é inegável que um
encontro desse gênero abre as
portas para outras iniciativas ligadas a cinematografias nacionais
extra-Hollywood. A formação do
público fica sendo, desse modo, a
maior justificativa do festival.
Talvez para garantir distância
do estigma de chatice que ronda
as produções francesas na boca
do grande público, quatro dos sete filmes são comédias (veja no
quadro abaixo sinopses e a programação em São Paulo).
Dentro do mesmo pensamento,
Sturm preferiu, sempre que pôde,
fechar contrato de exibição com
cinemas do tipo multiplex, normalmente associados a filmes
mais comerciais.
O acordo fechado por Sturm
com as salas de exibição do festival (uma em cada cidade) prevê
ainda que ao menos três das películas participantes estréiem, uma
a cada mês, nos meses subsequentes ao evento.
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