DA REPORTAGEM LOCAL

Em cena, "Narcisianas" são 11 atores mais ou menos conhecidos no teatro paulista (como Otávio Martins e Ivam Cabral) a desfiar monólogos sobre medo de compromisso e, como indica o título, egolatria. Nas coxias, o "mentor" é um só: "O inspirador dessa montagem é o [cantor americano] Iggy Pop, com essa coisa de botar para fora", conta a diretora Ariela Goldmann (de "Novas Diretrizes em Tempos de Paz"), que aqui se lança à dramaturgia com textos curtos que delineiam perfis masculinos tão diversos quanto o de um internauta exibicionista e o de um "sanguessuga" de histórias (que só vê nas agruras alheias matéria-prima para contos).
"Não acho que esses personagens sejam sacanas; são profundamente humanos, cruzamos com eles a toda hora. Não se deve julgá-los. Vivemos com medo de passar para fora o que sentimos em função do "como vamos aparecer". Tem gente pedindo licença para chorar em terapia. Não é à toa que uma das revistas que mais vendem no Brasil se chama "Caras", e não "Pessoas'", diz ela.
Por isso, prossegue, as 11 historietas saíram de uma vez só, "como um desabafo". Durante a peça, o tom confessional é reforçado pela inversão das posições habitualmente destinadas a elenco e público: o primeiro se instala na miniarquibancada, e o segundo, no palco, como lago a refletir as aflições narcisíacas. (LN)