São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2008

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Porto Alegre em Cena chega aos 15 anos com 5 estréias e Brook

Oficina celebra 50 anos com "Os Bandidos'; diretor inglês comanda monólogo

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Zé Celso Martinez aportará na capital gaúcha com uma "tragykomédiorgya", enquanto Antonio Abujamra colará personagens beckettianos crepusculares em "Começar a Terminar". Celso Frateschi, de seu lado, reinventará o "Tio Vânia" de Tchecov.
Gêneros e grifes à parte, o ponto alto da 15ª edição do Porto Alegre em Cena, que começa hoje, é a profusão de espetáculos nacionais inéditos. São cinco -aos supracitados juntam-se "A Lenda de Sepé Tiaraju", do coletivo paulista Teatro Popular União e Olho Vivo, e "O Amargo Santo da Purificação", da gaúcha Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, reconhecida há pouco com o Shell-SP pela pesquisa e criação de "Aos que Virão Depois de Nós: Kassandra in Process".
Segundo o coordenador do festival, Luciano Alabarse, o acúmulo de estréias "não foi algo deliberadamente buscado" na elaboração da programação deste ano. O Oficina de Zé Celso, por exemplo, originalmente apresentaria no Sul "Vento Forte para um Papagaio Subir", já vista em São Paulo.
"Estréia é sempre uma incógnita, um filho nascendo. Mas, se calhou, como vou perder a oportunidade? Isso gera uma curiosidade nacional", diz.
O encenador inglês Peter Brook, que teve seu début brasileiro no Porto Alegre em Cena de 2000 (com "Le Costume"), brinda aos 15 anos do festival com "The Grand Inquisitor" (o grande inquisidor), monólogo baseado em parábola extraída de "Os Irmãos Karamázov", de Dostoiévski.
No texto, Jesus ressurge em Sevilha, na época da Inquisição, é perseguido, preso e admoestado pelo personagem-título, vivido por Bruce Myers.
"Eu gosto de juntar monstros sagrados com grupos que estejam surgindo com força, como o [paulista] Triptal [que apresenta dois títulos da tetralogia "Homens ao Mar']", diz Luciano Alabarse.

Mineiro e latinos
Na curva ascendente também está o mineiro Espanca!, que participa pela primeira vez do festival com seus dois trabalhos inaugurais, "Por Elise" e "Amores Surdos".
O Mercosul desembarca em peso no aniversário: são seis produções uruguaias e cinco argentinas -quatro delas com ingressos esgotados, segundo o site do Porto Alegre em Cena. No pacote, há desde "A Vida É Sonho", de Calderón de la Barca, até "Las Relaciones de Clara" (as relações de Clara), da alemã Dea Loher, conhecida no circuito paulistano pela dramaturgia de "A Vida na Praça Roosevelt" e "Inocência", montadas pelo Satyros.
Para marcar a efeméride, a organização do festival se permitiu até ir além dos protocolares 15 dias de programação. Desta vez, serão 20. Alabarse não teme o gigantismo:
"Em dois dias, vendemos 23 mil ingressos. Algumas solicitações que recebia eram justamente no sentido de não concentrar tudo em dois ou três dias, espaçar um pouco mais as grandes atrações. Assim, atende-se à demanda de quem não quer fazer olimpíada de um teatro para outro".
Contente com sua escalação de figurões, Alabarse já tem um convidado na mira para os 16 anos: o diretor francês Patrice Chéreau ("A Rainha Margot"), que atualmente encena em Paris "The Grand Inquisitor".


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