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CRÍTICA RESTAURANTE
Serafina faz cozinha italiana familiar
Filial de casa nova-iorquina pertence a italianos que ficaram à deriva num passeio de barco
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
Para uma fatia do público
paulistano, o fato de abrir na
cidade um restaurante que
faz sucesso em Nova York (e
ainda por cima com uma filial nos Hamptons) já é motivo para adesão imediata.
A prova está nas filas que
já se formam à entrada do novo Serafina -que não bastasse a curiosidade produzida
por seu pedigree nova-iorquino, abre em plena alameda Lorena, na área que alguns ainda chamam a Manhattan paulistana.
Embora não seja referência de gastronomia, o Serafina original tem uma trajetória de sucesso. Diz a história
que nasceu da decisão de
dois italianos -moradores
de Nova York- que certa vez
ficaram à deriva num passeio
de barco.
Se fossem encontrados,
combinaram eles (não está
claro o porquê -estariam famintos?), abririam um restaurante com as melhores
massas e pizzas do mundo.
Não cumpriram a promessa de ser "a melhor", mas
quanto a abrir um restaurante, não só o fizeram, em 1995,
como a casa se multiplicou
por seis nos Estados Unidos e
agora chegou ao Brasil.
Aqui ela contou com a participação de um amigo dos
proprietários, que a eles se
associou, o armador italiano
Davide Bernacca, 43 anos, há
18 no Brasil. Com ele estão
outros três sócios oriundos
do mercado imobiliário.
A casa ampla -que além
de dois salões internos, tem
uma área ao ar livre nos fundos e mesas na entrada que
fazem a alegria dos fumantes- é equipada com um forno a lenha e decorada com
afrescos que lembram os da
matriz. Tem outro atrativo: fica aberta direto entre o almoço e o jantar.
O cardápio traz pratos italianos familiares ao público
paulistano, com receitas desenvolvidas pelos fundadores. Sem contar com a grelha
de lá (alimentada por madeira de árvores frutíferas),
eles aqui são executadas
pelo chef Ricardo di Camargo, 33, que já trabalhou
com Laurent Suaudeau e no
Pomodori.
No meio de toda aquela
animação, em que desfilam
shortinhos das meninas e cabelos grisalhos dos senhores,
passam pratos às vezes sofríveis, como os anéis de lula
empanados com molho picante (lulas duras, fritura engordurada, molho de tomate
nada picante).
As massas são anunciadas
no cardápio com o aviso de
que são "preparadas como
na Itália, al dente". No caso
do espaguete, vem mais para
crua e dura, mesmo.
Já as massas frescas têm
melhor textura. Caso do palha e feno com molho de tomate, manjericão e creme de
leite (um pouco só), do ravióli com ricota e espinafre ao
molho de manteiga e sálvia,
benfeito, e o nhoque com um
molho pesto agressivo (menos quantidade e mais azeite
poderiam dar mais
elegância).
O peixe espada não tem
gosto, parece aguado, servido com salada de rúcula. No
contraponto, os escalopes de
vitela ao limão-siciliano com
brócolis e batatas salteadas
com alecrim são melhores.
Na sobremesa, a torta de
maçã-verde, mole e sem graça, vale pelo sorvete de canela com crocante de amêndoa
que a acompanha. Mas
você pode se salvar com o
tiramisù.
josimar@basilico.com.br
SERAFINA
ENDEREÇO al. Lorena 1.705,
Jardins, tel. 0/xx/11/3081-3702
FUNCIONAMENTO diariamente, das
12h à 0h
AMBIENTE confortável, com uma
área aberta na entrada que é
paraíso para fumantes
SERVIÇO bem esforçado, diante da
multidão de clientes já nos
primeiros dias
VINHOS 120 rótulos variados em
adega climatizada
CARTÕES A, D, V e M
ESTACIONAMENTO com
manobrista, R$ 15
PREÇOS entradas, de R$ 9 a
R$ 65; pratos principais, de
R$ 21 a R$ 104,24; sobremesas,
de R$ 10 a R$ 25
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