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DA RUA
Acidente sem vítima
FERNANDO BONASSI
Já como duas antigas esculturas destes tempos, dois
carros de nariz quebrado
beijam-se aos postes mais
recônditos. Cegos pelos faróis. Portas arreganhadas
pra todos os estranhos. Calotas separam-se sem cerimônia de pneus murchinhos. Aros e argolas também tentam escapar a qualquer custo, mas morrem na
praia das calçadas. Bolsas esquecidas a propósito de uma
pressa desnecessária nas circunstâncias. Bichinhos de
estimação, aterrorizados,
ainda grudam-se nos vidros.
Um asfalto crocante nas sandálias. Quem vai pagar a gasolina dos curiosos que se
esvaem?
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