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HEMINGWAY
Família do autor proíbe a impressão de conto e carta, que podem ser vendidos graças a brecha na legislação
Herdeiros de escritor vetam publicação
DO "NEW YORK TIMES"
Donald Stewart, 72 anos, herdeiro e homônimo do amigo para
quem Ernest Hemingway remeteu a carta e o conto recém-descobertos, contou que os documentos estavam dentro de um envelope que ele herdara após a morte
de seu pai, em 1980, e deixara intocado. "Eu não tinha me dado ao
trabalho de abri-lo porque, para
mim, o envelope representava o
peso enorme de ter tido um pai famoso", ele falou em entrevista telefônica concedida de Roma.
No ano passado, porém, ele sentiu que já tinha se reconciliado
com a memória de seu pai, e, depois de reler a referência autobiográfica feita por seu pai a um escrito inédito de Hemingway, decidiu "alegremente saquear o envelope" em busca do mesmo.
Ele tentou publicar os documentos na "Vanity Fair" moderna, acompanhados de um artigo
próprio. A revista concordou,
mas então descobriu que os herdeiros de Hemingway tinha se negado a autorizar a publicação.
Os documentos caem numa
brecha da lei de direitos autorais.
Embora o texto não possa ser publicado sem a permissão dos herdeiros de Hemingway, a carta e o
conto datilografado podem ser
vendidos como artefatos, segundo Patrick McGrath, especialista
da Christie's de Nova York para livros e manuscritos.
McGrath disse que a casa de leilões autenticou a carta como tendo sido redigida na letra de Hemingway. A cópia carbono do
conto também foi autenticada,
em função de sua origem e porque as palavras "the end" estão na
letra de Hemingway.
Não está claro por que motivo a
publicação dos documentos não
foi autorizada. De acordo com
Stewart, a Fundação Ernest Hemingway lhe concedeu a autorização para publicar a carta e o
conto em troca de US$ 500. A fundação é uma entidade legal que
possui alguns direitos sobre materiais inéditos do escritor, segundo afirmou Gerald Kennedy, seu
vice-presidente e professor na
Universidade da Louisiana.
Entretanto, sob um acordo selado em 1983, após a morte da viúva
do escritor, Mary Hemingway, é
preciso a autorização conjunta da
fundação e dos herdeiros para
que qualquer material inédito
possa ser publicado.
A Simon & Schuster, que detém
os direitos sobre a obra publicada
de Hemingway, também atua como intermediária entre os herdeiros e pessoas interessadas em publicar os escritos do autor. Em
mensagem enviada a Stewart, a
editora escreveu: "Os herdeiros
não permitem tal publicação,
portanto ela está proibida em
qualquer parte do mundo".
A negação de autorização pelos
herdeiros cancelou a decisão de
Kennedy de aprovar a publicação
dos documentos. "Estávamos felizes com a perspectiva, mas a família teve opinião diferente, e não
posso falar por ela."
Tradução de Clara Allain
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