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Novo CD do Buena Vista quer repetir sucesso
DA REPORTAGEM LOCAL
O lançamento de "Buena Vista Social Club at Carnegie
Hall", álbum que chega ao Brasil em duas semanas, é mais
uma das tentativas de extrair
tudo o que for possível de uma
idéia que se transformou em
imenso sucesso de público, crítica e mercado.
O disco original, de 1996,
vendeu mais de 8 milhões de
cópias. O filme de Wim Wenders foi indicado ao Oscar e recebeu prêmios mundo afora.
Depois, seguiram-se lançamentos individuais dos principais nomes envolvidos, como
Compay Segundo, Ibrahim
Ferrer, Ruben González (já
mortos) e Omara Portuondo.
Culturalmente, tratou-se
também de um marco de ruptura no silêncio que havia se
imposto entre os EUA e Cuba
desde a revolução, em 1959.
"Nos anos 40, os principais
hits entre os norte-americanos
eram de música cubana. Depois, veio um grande silêncio. O
Buena Vista ajudou a recolocar
a ilha no mapa musical da indústria fonográfica dos EUA e
do planeta", disse à Folha Juan
de Marcos González, produtor
cubano que havia idealizado o
encontro pouco antes de Ry
Cooder surgir para dar a ele
projeção internacional.
Cooder conta que, ao assistir,
hoje, àquele show realizado há
mais de dez anos, emociona-se
com o vigor das performances.
"Não sabíamos bem o que
aconteceria com todos no palco. Hoje percebo que fomos
sortudos em termos de "timing", foi talvez a melhor atuação deles em suas vidas. E a história provou isso, pois a partir
daí, muitos foram adoecendo,
caindo de produção. E hoje
muitos já se foram", diz o norte-americano.
Por outro lado, ele conta que
se alegra pelo fato de saber que
os últimos anos daquelas pessoas foram de algum modo felizes, pelo reconhecimento que o
disco e o filme lhes trouxeram.
"Depois daquilo perdi o contato com os que restaram. Fiquei muitos anos sem ir à ilha,
frustrado pelo modo como o
governo americano me tratou."
Por outro lado, diz que se apavora quando lhe contam que o
som que faz sucesso em Cuba
hoje é o reggaeton -mistura de
rap, funk e pop latino. "Aquilo é
um lixo", revolta-se.
"Buena Vista Social Club at
Carnegie Hall" será um álbum
duplo, contendo o repertório
conhecido do disco original,
uma mistura de música do interior, son, bolero, cha-cha-chas e mambos tradicionais.
Para Cooder, o segredo do
êxito de sua idéia foi uma coincidência feliz. "A idade deles
não era o fundamental, mas
sim o fato de que tinham talento e histórias bonitas de vida",
conclui.
(SC)
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