São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2008

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Em novo disco, Skank reencontra passado pop

"Estandarte" marca volta de Dudu Marote, produtor dos maiores sucessos da banda

Músicas do álbum foram compostas em sessões conjuntas, para "ver o Skank nu e cru", diz o vocalista Samuel Rosa à Folha


CAIO JOBIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Fanáticos por futebol e bons jogadores que são -como já demonstraram no "Rock Gol", campeonato promovido pela MTV que reúne os craques e os pernas-de-pau do pop brasileiro-, os integrantes do Skank sabem que em time que está ganhando não se mexe.
Porém, em 17 anos de carreira, com dez discos lançados, também aprenderam que mudar o esquema tático é fundamental para surpreender o adversário (a crítica) e fazer a alegria da torcida (os fãs).
Logo na primeira faixa do recém-lançado "Estandarte", "Pára-Raio", de Samuel Rosa e Nando Reis, o ataque dos metais, a guitarra funkeada e a letra voluptuosa não deixam dúvidas. O disco novo traz um Skank mais próximo do ritmo quente das batidas de matrizes negras do que das melodias do pop britânico a que são associados os seus três trabalhos de estúdio anteriores.
"Quando a gente começou a fazer o álbum, tinha a idéia de não repetir muito o "Carrossel" [2006]. Mas era uma preocupação que nem precisávamos ter, porque na hora em que começamos a tocar e saíram as primeiras coisas, todas eram bem diferentes do que a gente tinha feito antes", afirma o guitarrista e vocalista Samuel Rosa.

"Nu e cru"
"Estandarte" foi o primeiro CD em que Samuel chegou ao estúdio sem composições prontas. As músicas foram feitas em sessões conjuntas. As letras entraram depois. A idéia era "ver o Skank nu e cru".
Rodando nas rádios e circulando na internet, a primeira música de trabalho confirma novos rumos para a carreira dos mineiros, que fazem show em BH no próximo dia 12 e em SP e no Rio, em novembro.
Com beats eletrônicos e participação de Negra Li nos vocais, "Ainda Gosto Dela" -outra de Samuel e Nando Reis- faz jus a uma "tradição bacana do Skank de ter singles diferentes uns dos outros", diz um Samuel empolgado com a escolha.
"Por que não brincar com essas inúmeras possibilidades, já que o perfil do fã do Skank não é propriamente aquele cara "hooligan", que fala: "Mudou? Ah, não, são diluidores do movimento'? Aliás, já existe um novo tipo de fã, que está sempre esperando por músicas diferentes", observa ele, lembrando que, quando lançaram "Carrossel", o single "Uma Canção É pra Isso" foi comparado a "Vou Deixar", grande sucesso do disco anterior -"Cosmotron" (2003)-, e houve quem visse ali um princípio de acomodação que a trajetória da banda se propõe a negar.

Parceiro antigo
"Estandarte" retoma uma velha parceria entre Skank e Dudu Marote, produtor responsável por "Calango" (1994) e "Samba Poconé" (1996), os dois discos de maior êxito comercial da carreira dos mineiros -ambos ultrapassaram a marca de 1 milhão de cópias vendidas (veja ao lado).
"Ele tem esse raciocínio do DJ, que é o que faz a coisa ter um "groove" maior, acelerar", diz o baixista Lelo Zaneti. A mão do produtor se faz claramente perceptível em "Chão" e "Notícias do Submundo", ambas de Samuel e Chico Amaral.
"Para quem pensava que essa junção de novo com o Dudu Marote ia dar naquilo que a gente já tinha feito, não foi isso. Na minha opinião, o "Estandarte", em termos de levadas eletrônicas, não vai além do que já foi proposto no "Maquinarama" [2000]. Também não voltamos a explorar um terreno de música brasileira que a gente já explorava no "Samba Poconé" [1996], Cada disco tem a sua própria história", afirma Samuel Rosa.


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