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CINEMA - ESTRÉIA
Exagero na violência torna "187' inverossímil
MARILENE FELINTO
da Equipe de Articulistas
Qualquer semelhança entre "187
- Código da Violência" e o clássico
dos filmes de decadência escolar
"Ao Mestre Com Carinho" não é
mera coincidência. Também não é
à toa que o ator Samuel L. Jackson,
escolhido para ser o professor do
primeiro filme, é tão negro quanto
Sidney Poitier, o mestre do segundo.
Lugar de negro, no sistema educacional norte-americano, ainda é
nas escolas públicas, onde imperam o desamparo, o medo e a violência. "187 - Código da Violência"
é uma espécie de "Ao Mestre Com
Carinho" versão anos 90.
Conta a história do dedicado
professor de ciências Trevor Garfield (Jackson), que leciona numa
escola pública de Los Angeles (Califórnia), frequentada por uma
maioria de negros e latinos (guetos
de segregação racial à la EUA) de
classe baixa.
Ali, num ambiente de pobreza e
desordem, professores são invariavelmente ameaçados por alunos
baderneiros, membros de gangues
que assaltam, matam, traficam e
usam drogas.
No caso do professor Garfield, a
coisa vai além. Ele é brutalmente
esfaqueado por um aluno que repetiu de ano em sua matéria. Afastado da escola por longo tempo depois do acidente, volta a lecionar
com a personalidade mudada.
Desiludido com o magistério e
com a ineficiência do sistema, Garfield começa a fazer justiça com
suas próprias mãos. E já que os
tempos são outros, a violência
também o é.
O filme tem cenas de tamanha
barbárie que é quase inverossímil.
A ausência de autoridade policial,
por exemplo, ou judicial, na história, também ajuda a torná-la meio
inacreditável.
O diretor Kevin Reynolds ("Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões") não conseguiu realizar um
filme emocionante ou tão charmoso e marcante quanto "Ao Mestre
com Carinho".
Mas ele tem lá seus momentos de
intensidade -na tensão que envolve o relacionamento erótico
(nunca consumado) entre o professor negro e a professora branca
(Kelly Rowan), por exemplo.
Tem também seus momentos de
poesia na escuridão dos tons que
compõem a atmosfera sombria da
escola e das ruas.
O longo e incômodo instante
(para o espectador) em que a câmera repousa desfocada sobre a
classe, expressando a visão que o
professor tem do universo de alunos diante de si -uma massa
amorfa e indivisa de brutalidade-
, é o outro bom momento da técnica de Reynolds.
Nada além disso. Os atores adolescentes são ruins. O destaque fica
mesmo com a música "Spying
Glass", da banda inglesa Massive
Attack (que chamam de som urbano "trip-hop", versão do hip-hop à
inglesa).
²
²
Filme: 187 - Código da Violência
Produção: Inglaterra, 1997, 96 min.
Direção: Kevin Reynolds
Com: Samuel L. Jackson, John Heard, Kelly
Rowan
Quando: a partir de hoje, nos cines Ipiranga,
Eldorado 6, Raposo Shopping 8, Center
Iguatemi 2, Center Penha 1, Lar Center 2 e
circuito
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