São Paulo, sexta, 2 de outubro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA - ESTRÉIAS
"A Razão' confronta tribos sexuais

LÚCIO RIBEIRO
Editor-adjunto da Ilustrada

O estilo "Casablanca" do amor até as últimas consequências já não enche tanto a barriga de ninguém em Hollywood. A mistura de tribos sexuais é o novo filão de filme romântico explorado pela indústria do cinema americano nestes tempos recentes.
Hollywood tem obtido sucesso tirando personagens gays do armário e feito deles co-estrelas de novas produções. Desde que, claro, em duelos amorosos com os de orientação sexuais opostas, os heteros, ou "straight", como dizem por lá.
Exemplos da nova onda começam a bater aqui no Brasil.
Um dos destaques da atual edição da MostraRio de Cinema é "Billy's Hollywood Screen Kiss", comédia que estreou há pouco nos EUA e traz na história a luta de um fotógrafo homossexual para conquistar um rapaz heterossexual (porém não muito).
Mais bem-sucedida foi a performance deste "A Razão do Meu Afeto" ("The Object of My Affection"), que entra em cartaz hoje nos cinemas brasileiros.
"A Razão do Meu Afeto", história de uma mulher (straight) que transforma seu melhor amigo (gay) no tal objeto de seu afeto, emplacou no final de abril, logo em seu fim-de-semana de estréia, um glorioso segundo lugar nas bilheterias da América.
Simpática comédia séria (ou drama engraçado, o que for), o filme traz a sedutora Jennifer Aniston (da série "Friends") como Nina, abastada garota que despreza a fortuna da família para morar no Brooklin e trabalhar em assistência social.
Nina dá conselhos amorosos para garotas pobres, mas ela mesmo tem muita dificuldade em se relacionar "mais profundamente" com seu namorado, do qual, para piorar, espera um não-planejado filho.
Tudo muda quando ela conhece o sensível e puro George (Paul Rudd), professor homossexual que é expulso da casa do namorado e vai morar com a carente de afeto Nina.
"A Razão do Meu Afeto" brinca com a estereotipada lenda urbana que circula entre meninas na qual caras legais e atrativos, hoje em dia, são gays em sua maioria.
O esforço de Nina em tentar mudar a opção sexual de seu doce e lindo amigo gay, que a livra do namorado heterossexual egoísta e feio, podia desembocar em uma "moral da história" das piores.
Mas o filme até que escapa do maniqueísmo sexual. E consegue acabar sem desagradar nenhuma das tribos.
²
²

Filme: A Razão do Meu Afeto
Produção: EUA, 1998
Direção: Nicholas Hytner
Com: Jennifer Aniston, Paul Rudd, Kali Rocha
Quando: estréia hoje nos cinemas Iguatemi 2, West Plaza 3, Center Norte 2, Metrô Tatuapé 7 e circuito




Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.