São Paulo, terça-feira, 02 de novembro de 2004

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Gil faz promessas "joyceanas" em Porto Alegre

DO ENVIADO A PORTO ALEGRE

A mesma Porto Alegre que foi palco do lançamento da primeira versão infantil de um dos romances mais enigmáticos do mundo viu na mesma semana a promessa de algo quase tão difícil quanto o trabalho de Donaldo Schüler.
No mesmo palanque em que o "patrono" e outras cinco dezenas de convidados inauguraram a 50ª Feira do Livro de Porto Alegre, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, disse que o governo apresentaria em dezembro um plano para o livro e a leitura no Brasil que "deve durar até 2022". Gil foi além. "Aumentaremos em três anos o índice de leitura do país em 50%."
Não ficou só na boca do compositor de "andar com fé eu vou/que a fé não costuma faiá". No mesmo dia, pela tarde, dois assessores de Gil apresentaram com detalhes as silhuetas desse projeto, durante o 32º Encontro Nacional de Editores e Livreiros.
Galeno Amorim, coordenador do programa Fome do Livro, e o presidente da Biblioteca Nacional, Pedro Corrêa do Lago, afiançaram para mais de uma centena de profissionais que participaram do evento organizado pela Câmara Brasileiro do Livro que as coisas correriam bem.
Amorim disse que 2005, escolhido Ano Ibero-Americano da Leitura por chefes de Estado dos países envolvidos, será o "ano modelo". Reafirmando os quatro eixos de seu programa (democratização ao acesso ao livro e leitura, investimento na formação, valorização do livro no imaginário coletivo e apoio às cadeias produtivas e criativas do livro), disse que o Plano Nacional do Livro e da Leitura já está pactuado com 14 ministérios, governos estaduais, prefeituras, estatais e ONGs.
Amorim e Corrêa do Lago não foram os únicos pontas-de-lança do livro brasileiro no evento. Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, José Henrique Paim Fernandes trouxe mais novidades.
Ele garantiu que o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), iniciativa de distribuição de livros não didáticos para todo o país, vai mesmo voltar em 2005 e que suas bases serão anunciadas ainda em novembro.
Paim Fernandes também prometeu a ampliação da compra de livros para alunos do ensino médio. O programa, que envolvia só o primeiro ano, será estendido em 2006 às três séries.
O dirigente falou ainda sobre uma novidade "técnica", a Comissão Especial de Julgamento, recém-criada para julgar excessos no assédio de editoras a professores (que escolhem boa parte dos livros adotados pelo governo).
O assédio a ele mesmo, garantiu, é de fácil administração. Provocado pela Folha, que perguntou como era ser um dos "maiores compradores de livros do mundo" (o órgão que preside compra em média 110 milhões de livros por ano) diante de uma platéia de editores e livreiros, respondeu: "Isso é moleza". (CEM)


O jornalista Cassiano Elek Machado viajou a convite da Câmara Brasileira do Livro


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