São Paulo, quarta-feira, 02 de novembro de 2011

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Crise de identidade

Artistas pop renovam a música eletrônica com mistura de gêneros e atingem público maior

CAROL NOGUEIRA
DE SÃO PAULO

Retrato mais fiel da geração 90, o seriado "Beavis e Butt-head" ecoou as tendências musicais da década. Na semana passada, a série voltou e, no lugar das bandas roqueiras favoritas da dupla, estavam os eletrônicos MGMT, LMFAO e Skrillex. Beavis e Butt-head não se converteram, tampouco deixaram de ecoar com fidelidade a juventude dos EUA. Ainda gostam de rock, mas ouvem eletrônica também.
Em parte, esse retorno da juventude ao gênero pode ser creditado a uma nova geração de artistas que agora reinventa o estilo a partir de sua mistura com ritmos africanos, jazz, rock, pop e hip hop. O experimentalismo está em voga, seja com produtores veteranos, como o britânico Matthew Herbert -que acaba de lançar um disco feito a partir de sons de porcos-, seja com novos nomes.
Entre eles, Flying Lotus, que esteve em São Paulo em agosto e cria um som que se aproxima do hip hop e também do jazz. Seu disco, "Cosmograma", entrou nas listas de melhores de 2010 e tinha participação de Thom Yorke, líder do grupo Radiohead.
Outra onda é a chamada "chillwave", eletrônica de atmosfera viajante que dificilmente empolgaria a pista de um clube. O produtor norte-americano Toro y Moi é um dos expoentes do gênero e toca no festival Planeta Terra , neste sábado, em São Paulo.
No disco "Underneath the Pine", deste ano, ele mescla disco, funk, soul e house. "Minhas influências são Talking Heads, a década de 70 e o hip hop dos anos 80", disse Bundick à Folha.
Além dele, outra atração do festival que mistura estilos é o Gang Gang Dance.

MÚSICA DE MASSA
Enquanto o festival de rock Coachella encolheu seu público em cerca de 5.000 ingressos, indo neste ano para 75 mil pessoas, o eletrônico Ultra Music Festival passou de 100 para 150 mil pessoas.
"Quando alguns DJs começaram a flertar com o pop e o rock, fizeram da eletrônica uma música de massa", avalia Coy Freitas, curador do festival Planeta Terra e da versão brasileira do UMF.
Não é à toa que Skrillex, principal nome da geração, foi chamado de Zelig -o personagem camaleão de Woody Allen- pela revista "Spin". "A eletrônica não é um gênero, é uma plataforma", disse ele à publicação americana.
Skrillex é Sonny Moore, 23, ex- líder da banda emo From First to Last, que largou tudo e se reinventou na eletrônica. Hoje, seu som mistura electro, rock e pop, além, é claro, do dubstep -gênero de batidas recortadas criado no Reino Unido nos anos 90 que adquiriu proporções gigantescas ao cruzar o Atlântico e foi parar até nos discos de Rihanna e Britney Spears.


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