São Paulo, quarta-feira, 02 de novembro de 2011

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CRÍTICA DRAMA

Filme "Perdão de Sangue" fala sobre conflito entre gerações

ANA PAULA SOUSA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Joshua Marston é um americano incomum. Apesar de ter nascido nos Estados Unidos, o país com a mais poderosa indústria cinematográfica do mundo, ele tem de recorrer a fundos europeus e a organizações sem fins lucrativos para conseguir filmar. Isso já diz muito sobre a natureza de seu trabalho.
Depois de tratar do tráfico de drogas na Colômbia, em "Maria Cheia de Graça" (2004), Marston levou sua câmera para a Albânia e fez "The Forgiveness of Blood" ["Perdão de Sangue"], que venceu o Urso de Prata de melhor roteiro no último Festival de Berlim, na Alemanha.
O filme, que a 35ª Mostra Internacional de São Paulo exibe agora, é um épico rural e intimista que traz à luz o conflito entre tradição e modernidade na Albânia.
A disputa por um pedaço de terra, que inclui o direito de ir e vir e códigos rígidos de honra, está na origem da trama protagonizada pela família dos adolescentes Nik e Rudina -o filme traz atores não profissionais, e mais de três mil adolescentes foram testados para esses dois papéis.
Após um assassinato, os homens da família são condenados, pela família rival, a nunca mais sair de casa. Seu destino, cruel, é o confinamento. "Isso não acontece mais, mas é algo que deixou marcas profundas no país", afirmou o diretor, durante entrevista concedida em Berlim.
A despeito do título, o filme, mais do que perdão, fala do conflito entre gerações. É emblemática a cena em que o garoto está jogando videogame.
Tudo nos parece normal, até que descobrimos que ele está em casa, simplesmente, porque não pode sair. Para além do roteiro poderoso, o contraste entre esses dois mundos é traduzido, à perfeição, pela fotografia de Rob Hardy.

PERDÃO DE SANGUE
QUANDO hoje, às 17h50, no Unibanco Arteplex do Shopping Frei Caneca (r. Frei Caneca, 569, 3º piso; tel. 0/xx/11 3472-2362)
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO ótimo


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