São Paulo, terça, 2 de dezembro de 1997.




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EUA preserva a música do Brasil

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington

Música folclórica de diversas partes do mundo, inclusive do Brasil, está sendo preservada pela Biblioteca do Congresso em Washington. Os dois CDs brasileiros do Projeto Música em Extinção acabam de ser colocados à venda.
Eles trazem seleções de músicas do Ceará e de Minas, compiladas nos anos 40 pelo compositor e professor Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, e uma parte das gravações feitas pela missão folclórica que a Discoteca Pública Municipal de São Paulo despachou para o Nordeste do país em 38.
Mais música brasileira estará no sexto CD do projeto, que vai reunir folclore yoruba de quatro países: Haiti, Cuba e Trinidad-Tobago, além do Brasil. O lançamento do álbum está previsto para 98.
A Biblioteca do Congresso dos EUA, a maior do mundo, tem cerca de 60 mil horas de gravações de músicas folclóricas do mundo. Allan Jabour, o responsável pelo projeto procurou o melhor material inédito para colocar nos CDs.
A qualidade fonográfica dos originais foi dramaticamente melhorada no estúdio 360 Graus, que pertence a Mick Hart, o músico da banda de rock Grateful Dead.
Foram feitas cinco mil cópias dos CDs brasileiros. Jabbour disse à Folha que gostaria de poder vendê-los também no Brasil mas que por enquanto ainda não encontrou quem se interessasse em distribuí-los no país. "Quem sabe alguém não se anime a editar mais das quase cem horas de música brasileira que temos aqui?"
A edição dos dois CDs brasileiros é primorosa. Destacam-se os textos que acompanham os discos. Eles foram escritos por Morton Marks, um professor de Nova York que viveu no Brasil nos anos 70, onde pesquisou umbanda, batuque e candomblé.
Além do texto, Marks também cedeu as fotos das capas dos CDs e ajudou a selecionar as músicas que foram gravadas. Ele diz que o trabalho foi feito com o público norte-americano em mente.
Jabbour afirma que o objetivo do projeto não é fazer lucro mas é importante que ele não seja deficitário. As despesas são divididas por três: a Biblioteca do Congresso, o estúdio de Mick Hart e a gravadora Rykodisk, que distribui nos EUA.



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