|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"O EXORCISMO DE EMILY ROSE"
Terror impõe sua crença em "fatos reais" e investe pouco na imagem
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em "O Exorcismo de Emily
Rose", um padre é acusado
de assassinato após fazer o tal ritual do título na pequena Emily
Rose (Jennifer Carpenter). Fiel
abade, Richard Moore (Tom Wilkinson) usou de toda sua fé para
barrar a possessão demoníaca,
mas em vão. Agora, com a diocese
não querendo polêmicas, ele conta apenas com uma cínica advogada, Erin Bruner (Laura Linney),
que quase nada tem de católica.
Ela, ao longo do processo judicial, mudará certos conceitos
diante de um punhado de acontecimentos bizarros. Mas não é esta
a grande questão neste filme de
Scott Derrickson, tão comum no
gênero, aliás, mas sim um dado
peculiar, estampado na tela do cinema: "baseado em fatos reais".
Isso fica evidente quando nos defrontamos com as primeiras imagens, que remetem a "O Exorcista" para, mais tarde, mostrar que
o demônio possuiu Emily.
A opção não deixa de ser curiosa, corajosa até, uma vez que o filme assume a crença em algo discutível, que transtorna os ceticismos e as forças físicas da natureza. E que só o cinema pode justificar como real, com imagens que
construam uma realidade própria, expressa na tela. Aliás, a única coisa que interessa em um filme, que só existe como imagem.
Diante de tudo isso, fica difícil
medir os escrúpulos deste cineasta. Porque, com seu filme, ele dá a
sua sentença sobre este caso verídico que ocorreu nos anos 70.
E resta a atenção à construção
das imagens, modestas, mesmo
nas possessões, quando a câmera
arrisca uma tremida e outra e usa-se o som alto para assustar, recursos mais que corriqueiros no gênero. E, sobre as fracas cenas de
tribunal, aí sim, vemos que estamos mesmo diante de um filme
de terror.
(PSL)
O Exorcismo de Emily Rose
The Exorcism of Emily Rose
Direção: Scott Derrickson
Produção: Estados Unidos, 2005
Com: Tom Wilkinson e Laura Linney
Quando: a partir de hoje nos cines Bristol 2, Kinoplex Itaim 5 e circuito
Texto Anterior: "Beijos e Tiros": Diretor inábil não consegue reciclar imaginário do cinema dos EUA Próximo Texto: Cinema/Análise: Quarto Harry Potter capta dificuldade em discernir "o mal" Índice
|