São Paulo, sexta-feira, 02 de dezembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pearl Jam é intimado a depor sobre cachê

CAMILA MARQUES
DA FOLHA ONLINE

O grupo norte-americano Pearl Jam terá de dar explicações na Justiça do Rio sobre os cachês de sua turnê brasileira. Sindicatos de músicos suspeitam que as empresas organizadoras dos shows maquiaram os valores indicados nos contratos, em um esquema de sonegação fiscal. Procuradas pela reportagem, elas informaram ainda não terem sido notificadas.
O juiz Sérgio Wajzemberg, da 2ª Vara Cível do Rio de Janeiro, acatou na tarde de ontem o pedido feito pelos Sindicatos dos Músicos Profissionais do Rio e de São Paulo, determinando que Eddie Vedder, Mike McCready, Matt Cameron, Stone Gossard e Jeff Ament, integrantes do Pearl Jam, sejam ouvidos no próximo dia 9.
A ação proposta pelos Sindicatos e acatada pela Justiça pede ainda que as empresas responsáveis pela turnê no país -CIE Brasil, Creative e Terra Networks Brasil- apresentem os contratos originais firmados com o grupo americano, "devidamente acompanhado da versão correspondente em língua portuguesa, firmada por tradutor juramentado".
Segundo Helder Silveira, advogado do Sindicato dos Músicos do Rio, os valores alegados dos cachês pagos no Brasil são "absurdamente baixos". "As empresas responsáveis anunciaram o pagamento de apenas US$ 250 mil pelas duas apresentações em São Paulo e de US$ 130 mil pelo show do Rio. Não é necessário ser especialista para saber que os valores são completamente absurdos e falsos", diz a ação do sindicato.
Em reais, a turnê com cinco espetáculos teria custado R$ 1.121.900, sendo pagos cachês de R$ 291.250 por um show no Rio (4/12), R$ 561.250 por dois em São Paulo (2 e 3/12) e R$ 134.700 por apresentações em Curitiba (30/11) e Porto Alegre (28/11). O valor pode ser comparado, por exemplo, ao cachê de R$ 2 milhões recebido pelo cantor americano Lenny Kravitz no início do ano. A brasileira Ivete Sangalo, por sua vez, não sobe ao palco por menos de R$ 300 mil (cinco shows custariam R$ 1,5 milhão).
"Além dos contratos não serem apresentados, muitas vezes eles aparecem subfaturados. Isso implica o pagamento menor das taxas ao sindicato [segundo determina a lei, o órgão tem direito a receber 10% sobre os contratos firmados com músicos estrangeiros] e no recolhimento menor de impostos. É sonegação", diz Silveira. Além disso, segundo ele, as empresas às vezes produzem dois contratos com valores distintos, sem o conhecimento do artista.


Texto Anterior: Música: Em SP, Pearl Jam reúne fãs de todo o país
Próximo Texto: Mudhoney chega como o "primo pobre" que inventou o grunge
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.