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Em aula de pole dancing, salto alto torna sensual até a fuleira roupa de ginástica
DA REPORTAGEM LOCAL
Toda mulher que usou rímel
na vida sabe o poder de um salto alto. Está aí boa parte do segredo de uma aula de pole dancing, a dança do poste. Até a
mais fuleira roupa de ginástica
fica mais interessante diante
do espelho aos olhos de quem
está a dez centímetros do chão.
Sem preconceito, mando ver
um salto agulha preto de vinil e
me posiciono ao lado de duas
alunas que há dois meses ensaiam coreografias no poste,
em uma academia descolada da
Vila Madalena, em São Paulo.
Por alguns segundos, penso
seriamente que, com aquela
sandália, eu, que detesto malhação, encararia um triatlon.
A professora liga uma musiquinha de striptease e começa
com alongamento. São exercícios comuns, mas tudo parece
diferente naquele clima Demi
Moore. Até os abdominais, imprescindíveis para quem quer
fazer acrobacias no poste, ficam menos insuportáveis.
Meia hora depois, é chegado
o momento. A sala tem duas
barras, e o grupo é dividido em
dois. Caçula da turma, fico com
a professora. Começamos de leve, com uma caminhada em
torno do poste. Os passos devem estar carregados de charme, mas o salto alto já faz metade do serviço.
É hora de assistir às alunas
"veteranas". Uma delas, mais
gordinha, entra totalmente na
viagem. De peruca loira comprada em Miami, faz caras e bocas. A outra, magra, também se
empenha e sabe fazer os movimentos. Mas a sua amiga se relaciona melhor com aquela barra vertical, e está aí outro segredo da pole dancing. Mesmo fino, o poste consegue deixar para trás quilos a mais, celulites, o
que não interessa ao jogo.
Os passos se complicam, tenho de rodopiar cada vez mais e
fico tonta, o que certamente colabora para a piração toda.
Pego impulso para girar, cruzo as pernas em torno da barra
e, pendurada, vou rodopiando e
deslizando até o chão.
De repente, a sala-boate parece um quintal da infância, a
mulherada ri dos erros, das batidas do joelho no poste, e tudo
fica ainda mais divertido.
E, grand finale, é hora de se
pendurar no poste e ficar de cabeça para baixo. A da peruca
loira nem tenta, mas tudo bem,
ela já deu seu show.
A magrinha se joga. Não sai
como o das profissionais, mas,
sem problemas, está perfeito.
Eu, pobre iniciante, me aventuro. Sensata, a professora
apóia minhas costas para evitar
tragédias. Risos. Tá tudo ótimo.
Durmo animada com aquela
novidade. No dia seguinte, o
choque de realidade. Os braços
e o abdômen doem, o que não
me deixa menos feliz.
Em meio à brincadeira de
stripper, nem percebi que estava malhando de verdade. E isso
não tem preço.
(LM)
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