São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007

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Em aula de pole dancing, salto alto torna sensual até a fuleira roupa de ginástica

DA REPORTAGEM LOCAL

Toda mulher que usou rímel na vida sabe o poder de um salto alto. Está aí boa parte do segredo de uma aula de pole dancing, a dança do poste. Até a mais fuleira roupa de ginástica fica mais interessante diante do espelho aos olhos de quem está a dez centímetros do chão.
Sem preconceito, mando ver um salto agulha preto de vinil e me posiciono ao lado de duas alunas que há dois meses ensaiam coreografias no poste, em uma academia descolada da Vila Madalena, em São Paulo.
Por alguns segundos, penso seriamente que, com aquela sandália, eu, que detesto malhação, encararia um triatlon.
A professora liga uma musiquinha de striptease e começa com alongamento. São exercícios comuns, mas tudo parece diferente naquele clima Demi Moore. Até os abdominais, imprescindíveis para quem quer fazer acrobacias no poste, ficam menos insuportáveis.
Meia hora depois, é chegado o momento. A sala tem duas barras, e o grupo é dividido em dois. Caçula da turma, fico com a professora. Começamos de leve, com uma caminhada em torno do poste. Os passos devem estar carregados de charme, mas o salto alto já faz metade do serviço.
É hora de assistir às alunas "veteranas". Uma delas, mais gordinha, entra totalmente na viagem. De peruca loira comprada em Miami, faz caras e bocas. A outra, magra, também se empenha e sabe fazer os movimentos. Mas a sua amiga se relaciona melhor com aquela barra vertical, e está aí outro segredo da pole dancing. Mesmo fino, o poste consegue deixar para trás quilos a mais, celulites, o que não interessa ao jogo.
Os passos se complicam, tenho de rodopiar cada vez mais e fico tonta, o que certamente colabora para a piração toda.
Pego impulso para girar, cruzo as pernas em torno da barra e, pendurada, vou rodopiando e deslizando até o chão.
De repente, a sala-boate parece um quintal da infância, a mulherada ri dos erros, das batidas do joelho no poste, e tudo fica ainda mais divertido.
E, grand finale, é hora de se pendurar no poste e ficar de cabeça para baixo. A da peruca loira nem tenta, mas tudo bem, ela já deu seu show.
A magrinha se joga. Não sai como o das profissionais, mas, sem problemas, está perfeito.
Eu, pobre iniciante, me aventuro. Sensata, a professora apóia minhas costas para evitar tragédias. Risos. Tá tudo ótimo.
Durmo animada com aquela novidade. No dia seguinte, o choque de realidade. Os braços e o abdômen doem, o que não me deixa menos feliz.
Em meio à brincadeira de stripper, nem percebi que estava malhando de verdade. E isso não tem preço. (LM)


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