|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Febre do poste
Dança de strippers, que dá ibope a duas novelas, é a nova onda de academias comportadas
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de amanhã é o grande
dia. A estilista Márcia, 34, vai
deixar as filhas com a babá e levar o marido ao motel. Na suíte,
dará a ele, com quem é casada
há dez anos, seu presente de
aniversário: um show de pole
dancing, a dança do poste, que
há dois meses ensaia secretamente em uma academia da Vila Madalena, em São Paulo.
A modalidade, na qual a mulher, de salto alto e roupa sensual, dança e faz acrobacias em
uma barra vertical, deixou de
ser exclusividade das dançarinas de striptease e se tornou
sucesso entre mulheres "normais". Em vários países, como
EUA, China, Portugal, Inglaterra e Argentina, é a nova onda
das academias, que instalam
dezenas de postes nas salas de
aula. A Demi Moore de "Striptease" baixou também nas celebridades. A cantora Britney
Spears, depois de ter aulas particulares com a patricinha Paris
Hilton, gravou um clipe no qual
dança o pole dancing. A top model Kate Moss sacudiu o esqueleto no poste em videoclipe do
duo roqueiro White Stripes. Na
semana retrasada, um cassino
de Las Vegas realizou um concurso no qual pagou US$ 10 mil
à melhor pole dancer.
A febre começa a chegar ao
Brasil, impulsionada por duas
novelas -Flávia Alessandra
dança de forma ousada em
"Duas Caras", da Globo, e Juliana Baroni faz uma performance mais comportada em "Dance
Dance Dance", da Band. Dois
programas, o "Pânico", da Rede
TV!, e o "A Noite É uma Criança", da Band, farão concursos.
Em São Paulo, a pioneira é a
Galeria Pilates, na Vila Madalena, onde a Folha fez uma aula
(leia ao lado). Há um ano,
quando a academia foi inaugurada, só duas alunas se interessaram. Agora são 25. Além das
aulas (R$ 30 cada uma), Kitty
do Rio vende um CD com músicas para strip e, pelo salgado
preço de R$ 1.700, até um poste
para ser instalado em casa.
A estilista
Márcia e a advogada Carol (os nomes foram trocados a
pedido das entrevistadas),
38, se matricularam com a
intenção de malhar e preparar
uma coreografia para os maridos. Descobriram um motel
que tem suítes com barras. Carol escolheu o Natal para presentear o marido. "Se você ler
no "Notícias Populares" "Marido é assassinado no motel", pode saber que é porque ele deu
risada quando dancei", brinca.
"Eu mato com o salto."
Os maridos nem imaginam
que elas treinam a dança que
gerou polêmica em "Duas Caras" -o Ministério da Justiça
quer subir a classificação de 12
para 14 anos. Carol, casada há
quase 15 anos, dois filhos, nunca fez strip para o marido. "O
que virá com a dança ninguém
sabe", diverte-se a advogada.
Kitty, 47, era professora de
dança moderna e há dois anos
começou a pesquisar vídeos de
pole na internet. "É uma boa
atividade física. Trabalhamos o
alongamento, abdominais e a
parte cardiovascular."
Outra que está faturando
com a onda é a ex-stripper Alexandra Valença, 26. Dançarina
de casas de strip e suingue (troca de casais), foi contratada pela Globo para ensinar pole dancing a Flávia Alessandra. Suas
aulas, antes restritas às garotas
das boates, foram abertas a
qualquer dona-de-casa. E já
são 15 as que pagam R$ 200 por
mês para freqüentar aulas vespertinas em pleno palco do clube de strip Solid Gold, em Moema (zona sul de SP). Ela também abrirá suas aulas às "mortais" na casa de suingue Enigma Club, e no sex shop Artes
Sensuais, ambos em Moema.
A "personal sex trainer" Fátima Moura também pegou carona com a pole dancing e incluiu passos da dança do poste
em seus workshops (R$ 150).
As professoras dizem que
não é preciso uma performance perfeita, só entrar no clima.
Para os homens, a regra é uma
só: não rir em hipótese alguma.
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Em aula de pole dancing, salto alto torna sensual até a fuleira roupa de ginástica Índice
|