|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cinco novos filmes anunciam atriz em ascensão
Atriz da novela "Sete Pecados", da Globo, estreou no teatro aos 12 anos; primeiro trabalho na TV foi a minissérie "JK'
Aos 26, Rosane Mulholland é destaque em "O Magnata", "Meu Mundo em Perigo", "Falsa Loira", "Bellini e o Demônio" e "Nome Próprio"
ANA LAURA NAHAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O sobrenome difícil lembra o
filme de David Lynch. Mas a
atriz Rosane Mulholland, ao
que parece, passa longe do surrealismo do diretor de "Cidade
dos Sonhos". Boa-moça, evita
polemizar sobre a concorrente
Alessandra Negrini no recém-encerrado Festival de Brasília,
diz que tem orgulho de todos os
filmes que fez, mesmo que -caso de "O Magnata", atualmente
em cartaz- sejam massacrados
pela crítica e mal recebidos pelo público, e prefere manter segredo sobre o projeto (no teatro) que virá depois da novela
"Sete Pecados".
No cinema, ao contrário,
mostra a que veio. Aos quase 27
anos (faz aniversário em 31/12),
exibe facetas múltiplas. Além
de "O Magnata", de Johnny
Araújo, em que rouba a cena como a garota que redime o bad
boy do título, ficou marcada pelo controverso "A Concepção"
(2006) -no longa de José
Eduardo Belmonte, queimava,
nua, a identidade -e por lançar, quase simultaneamente,
quatro novos filmes: "Meu
Mundo em Perigo", de Belmonte, "Falsa Loira", de Carlos Reichenbach, "Bellini e o Demônio", de Marcelo Galvão, e "Nome Próprio", de Murilo Salles.
Os dois primeiros estiveram
na mostra competitiva de Brasília, que terminou na noite de
quarta. Mulholland era apontada como favorita ao prêmio de
melhor atriz, que acabou com a
protagonista de "Cleópatra", de
Julio Bressane, o filme que dividiu o festival-levou seis Candangos e uma centena de vaias.
À hora marcada com a Folha,
às 11h30 da manhã seguinte à
polêmica, ela ainda dormia.
Meia hora depois, telefonou
para a reportagem. "Descobriram que eu existo", diverte-se.
Mulholland nasceu em Brasília, mas mora no Rio há quatro anos. Aos 12, começou no
teatro (15 peças, entre elas "A
Glória de Nelson", seleção de
histórias de Nelson Rodrigues
dirigidas por Daniel Herz). Aos
19, rodou seu primeiro curta
("Dez Dias Felizes") e entrou
na faculdade de psicologia no
Ceub (Centro Universitário de
Brasília) -o pai, o californiano
de origem irlandesa Timothy
Mulholland, é reitor da UnB
(Universidade de Brasília).
Aos 23, filmou "A Concepção". "Mudou a minha vida.
Aprendi o quanto as pessoas
julgam. É ótimo ouvir a parte
dos que gostam, mas é difícil
ouvir os que não gostam. Não
gosto de ser julgada", assume.
Havia mudado para o Rio seis
meses antes. "Descobri que a
minha paixão era ser atriz."
A psicologia, ela diz, deu uma
mão e tanto: "Me ajudou a superar as críticas, a ver o mundo
de uma maneira mais leve, a ter
coragem. Também me ajuda a
construir as personagens".
Multiplicidade
As personagens são, de fato,
diversas. Em "Sete Pecados", a
novela das sete da Globo, dança
e prepara drinques como a irmã
pé no chão da patricinha de
Priscila Fantin. Na minissérie
"JK" (2006), seu primeiro trabalho na TV, interpretou Maria
Luísa Lemos, irmã da primeira-dama Sarah Kubitschek.
Em "Araguaya -Conspiração do Silêncio" (2004), de Ronaldo Duque, seu primeiro longa, viveu uma guerrilheira. Em
"Bellini e o Demônio", é uma
jornalista policial, enquanto
em "Nome Próprio" encarna a
melhor amiga da protagonista.
Em "Falsa Loira", se transforma numa operária e, em
"Meu Mundo em Perigo", representa a moça atormentada
que tenta fugir de uma fantasmagórica imagem paterna.
A vida real, ela garante, é o
oposto. "Minha mãe não é maluca como a da novela e meu pai
sempre respeitou as minhas
decisões", conta, sobre a família que, como ela, passa longe da
rua californiana que deu aos
Mulholland o sobrenome e a
David Lynch a inspiração de
sua aventura nada família.
Texto Anterior: Coleção Folha destaca Billie Holiday Próximo Texto: Frases Índice
|