São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007

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Cinco novos filmes anunciam atriz em ascensão

Atriz da novela "Sete Pecados", da Globo, estreou no teatro aos 12 anos; primeiro trabalho na TV foi a minissérie "JK'

Aos 26, Rosane Mulholland é destaque em "O Magnata", "Meu Mundo em Perigo", "Falsa Loira", "Bellini e o Demônio" e "Nome Próprio"


ANA LAURA NAHAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O sobrenome difícil lembra o filme de David Lynch. Mas a atriz Rosane Mulholland, ao que parece, passa longe do surrealismo do diretor de "Cidade dos Sonhos". Boa-moça, evita polemizar sobre a concorrente Alessandra Negrini no recém-encerrado Festival de Brasília, diz que tem orgulho de todos os filmes que fez, mesmo que -caso de "O Magnata", atualmente em cartaz- sejam massacrados pela crítica e mal recebidos pelo público, e prefere manter segredo sobre o projeto (no teatro) que virá depois da novela "Sete Pecados".
No cinema, ao contrário, mostra a que veio. Aos quase 27 anos (faz aniversário em 31/12), exibe facetas múltiplas. Além de "O Magnata", de Johnny Araújo, em que rouba a cena como a garota que redime o bad boy do título, ficou marcada pelo controverso "A Concepção" (2006) -no longa de José Eduardo Belmonte, queimava, nua, a identidade -e por lançar, quase simultaneamente, quatro novos filmes: "Meu Mundo em Perigo", de Belmonte, "Falsa Loira", de Carlos Reichenbach, "Bellini e o Demônio", de Marcelo Galvão, e "Nome Próprio", de Murilo Salles.
Os dois primeiros estiveram na mostra competitiva de Brasília, que terminou na noite de quarta. Mulholland era apontada como favorita ao prêmio de melhor atriz, que acabou com a protagonista de "Cleópatra", de Julio Bressane, o filme que dividiu o festival-levou seis Candangos e uma centena de vaias.
À hora marcada com a Folha, às 11h30 da manhã seguinte à polêmica, ela ainda dormia. Meia hora depois, telefonou para a reportagem. "Descobriram que eu existo", diverte-se.
Mulholland nasceu em Brasília, mas mora no Rio há quatro anos. Aos 12, começou no teatro (15 peças, entre elas "A Glória de Nelson", seleção de histórias de Nelson Rodrigues dirigidas por Daniel Herz). Aos 19, rodou seu primeiro curta ("Dez Dias Felizes") e entrou na faculdade de psicologia no Ceub (Centro Universitário de Brasília) -o pai, o californiano de origem irlandesa Timothy Mulholland, é reitor da UnB (Universidade de Brasília).
Aos 23, filmou "A Concepção". "Mudou a minha vida. Aprendi o quanto as pessoas julgam. É ótimo ouvir a parte dos que gostam, mas é difícil ouvir os que não gostam. Não gosto de ser julgada", assume. Havia mudado para o Rio seis meses antes. "Descobri que a minha paixão era ser atriz."
A psicologia, ela diz, deu uma mão e tanto: "Me ajudou a superar as críticas, a ver o mundo de uma maneira mais leve, a ter coragem. Também me ajuda a construir as personagens".

Multiplicidade
As personagens são, de fato, diversas. Em "Sete Pecados", a novela das sete da Globo, dança e prepara drinques como a irmã pé no chão da patricinha de Priscila Fantin. Na minissérie "JK" (2006), seu primeiro trabalho na TV, interpretou Maria Luísa Lemos, irmã da primeira-dama Sarah Kubitschek.
Em "Araguaya -Conspiração do Silêncio" (2004), de Ronaldo Duque, seu primeiro longa, viveu uma guerrilheira. Em "Bellini e o Demônio", é uma jornalista policial, enquanto em "Nome Próprio" encarna a melhor amiga da protagonista.
Em "Falsa Loira", se transforma numa operária e, em "Meu Mundo em Perigo", representa a moça atormentada que tenta fugir de uma fantasmagórica imagem paterna.
A vida real, ela garante, é o oposto. "Minha mãe não é maluca como a da novela e meu pai sempre respeitou as minhas decisões", conta, sobre a família que, como ela, passa longe da rua californiana que deu aos Mulholland o sobrenome e a David Lynch a inspiração de sua aventura nada família.


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