São Paulo, quinta-feira, 02 de dezembro de 2010 |
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Criador desenvolveu técnica para lidar com as aves de rapina DO ENVIADO A ITABAIANA Aos pés da Serra de Itabaiana, a 45 km de Aracaju (SE), o Parque dos Falcões abriga 330 aves de rapina, uma casa simples e viveiros rústicos. Sujeira, Lodo, Carniça e Fedor moram em 16 metros quadrados (na Bienal, desfrutavam de 2.500). Até agosto do ano passado, dividiam o espaço com o urubu albino Michael Jackson. Michael foi roubado e assassinado. Três pessoas foram presas. A população do parque é formada por animais apreendidos pelo Ibama ou resgatados em más condições de saúde. Cerca de 70% das aves são aleijadas ou mutiladas. Ninguém tem vida mansa e quase todas participam de palestras para educação ambiental. Fora os treinamentos físicos -segundo o fundador do parque, José Percílio Mendonça, "para não infartar". Há uma "equipe de segurança" formada por uma coruja buraqueira, um carcará e um gavião mirim. O gavião chama-se Psicopata e pode atingi-lo na carcaça craniana ainda que esteja na companhia de Percílio. Mulambo e Bronquite, galinhas d'angola, são responsáveis por chocar ovos de falcões, gaviões e corujas, o que já garantiu a reprodução de 26 espécies. O criadouro conservacionista Parque dos Falcões existe há 10 anos. Percílio, 35, lida com os animais há 27. Tem a ajuda do parceiro Alexandre Correia e do veterinário Willian dos Anjos, mas, embora tenha feito apenas o ensino fundamental, desenvolveu toda uma técnica para lidar com as aves. Basicamente, trata todo o mundo igual cachorro: faz carinho, coça a barriga, chama pelo nome. Usa a linguagem do animal (pia). Descobriu que, passando alecrim no corpo, podia disfarçar o próprio cheiro em incursões na mata para observar a vida selvagem. Se o ovo trinca, ele põe um esparadrapo. Se a pena quebra, coloca superbonder. "É por isso que digo: conheço meus urubus. O que estava incomodando eles na Bienal eram os protestantes retardados", diz, em referência aos que protestaram contra a presença dos animais. Como as aves de rapina têm territórios próprios e muitas ficam soltas no Parque dos Falcões, é possível encontrar Percílio explicando às corujas: "Olha, daqui pra cá, é seu; de lá pra cá, é da Lucinha". Outras coisas estranhas acontecem. É o caso da relação entre Virgulino, um pavão, e Bronquite, a galinha. Dessa cruza nasceu o Mutante. O Percílio jura. (FMP) Texto Anterior: Urubu estreia com pé esquerdo na Bienal Próximo Texto: Foco: Artista "mata" modelo em performance nos Jardins Índice | Comunicar Erros |
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