São Paulo, quinta-feira, 02 de dezembro de 2010

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FOCO

Artista "mata" modelo em performance nos Jardins

Grafiteiro francês Zevs, que faz "sangrar" logotipos das marcas de luxo, estende mulher nua e ensanguentada em calçada de SP

Adriano Vizoni/Folhapress
A modelo Marina Dias em performance do grafiteiro francês Zevs na calçada da rua Haddock Lobo anteontem à noite

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Meia-noite, esquina da r. Oscar Freire com r. Haddock Lobo, coração paulistano das grifes de luxo. Uma modelo nua se deita na calçada em frente à loja da Armani. É mais uma vítima da moda, assassinada em performance pelo grafiteiro francês Zevs.
Seu corpo esguio se contorce num contraste ácido do branco da pele com o negror do asfalto. Sangue artificial jorra pela boca. Fashionistas alvoroçados, entre eles o estilista Dudu Bertholini, tentam observar a cena do crime.
"Já matou? Arrasou, arrasou, já está sangrando", dizia um amigo da modelo em frente à loja da Diesel, que concentrou uma rodinha de íntimos. "Mata, mata, mata", gritou uma mulher que passava de carro pela rua.
Zevs é o cara que faz "sangrar" os logotipos de marcas de luxo, como Chanel e Louis Vuitton, em ações de guerrilha urbana, pichando as fachadas das lojas. Em São Paulo, o sangue está na modelo agonizando na calçada.
Ele grita, como se tivesse acabado de executar a moça, e depois faz os contornos de seu corpo -e dos saltos que usava- com farinha branca, imitando as cenas de crime.
"Não tento fazer só coisas ilegais", diz Zevs à Folha, antes da primeira ação no país. "Esse é um trabalho sobre o corpo e a nudez, é o mesmo discurso de obras anteriores, só que com outro ângulo."
Logo ao lado do rosto da modelo, e da boca que cuspia sangue de mentira, Zevs estampou as letras da Louis Vuitton, como se a marca assumisse a autoria do ultraje.
Marina Dias, a moça estatelada no asfalto, trocou aqui a campanha da Fendi, que acaba de estrelar, por um ato subversivo. "Sou uma modelo antes de tudo", diz ela. "Mas foi maravilhosa a experiência de ser assassinada no meio da rua, e melhor ainda ser tão fotografada depois."


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