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EFEITO CHATÔ
Mecenas pulverizam investimentos
Empresas reduzem
verbas para filmes
da Reportagem Local
Grandes investidores no cinema nacional ficaram mais cautelosos depois da paralisação das
filmagens de "Chatô".
"A credibilidade do setor caiu.
Muitas empresas me disseram
que só voltam a investir em cinema depois que "Chatô" acabar",
conta Luiz Carlos Barreto, que já
produziu mais de 70 filmes.
Uma dessas empresas é o Citibank, segundo a Folha apurou. O
banco colocou R$ 2,6 milhões em
"Chatô" e em outro projeto de
Guilherme Fontes, "500 Anos de
História". Decidiu voltar a investir em filmes só depois de ver uma
cópia de "Chatô".
Volkswagen e Petrobras, que investiram em "Chatô", e Banespa,
que não colocou dinheiro no filme, por exemplo, continuam
acreditando no cinema nacional,
mas estão menos generosos.
O Banespa, que já chegou a depositar R$ 2,4 milhões em "Memórias Póstumas", em 97, quando destinou R$ 14,5 milhões ao cinema, diluiu no ano passado um
investimento total de R$ 3,9 milhões em 20 longas, uma média de
menos de R$ 195 mil por obra.
"Buscamos todas as informações possíveis. Não é só o roteiro
que tem de ser bom, analisamos
também o diretor, o produtor. Alguma coisa tem de nos dar segurança", explica a analista de marketing Zilda Galliano, uma das
responsáveis pelos investimentos
culturais do Banespa.
A Petrobras chegou a negar
uma suplementação pedida por
Guilherme Fontes e criou uma comissão interna para avaliar os investimentos em cinema.
Volkswagen e Credicard, no entanto, continuaram investindo
em "Chatô". A primeira deu mais
R$ 500 mil, no ano passado. A
Credicard, em dezembro, entregou mais R$ 150 mil a Guilherme
Fontes -no total, investiu R$ 700
mil. "Seria irresponsável de nossa
parte negar apoio, abalar a crença
na Lei do Audiovisual", afirma
Carla Schmitzberger, vice-presidente de marketing.
Vitor Moura Ferreira, diretor da
corretora Sagres, que negocia certificados de audiovisual, acredita
que a tendência é as empresas diluírem seus investimentos em vários filmes, investindo no máximo R$ 500 mil em cada obra.
"Não é o momento de gastar R$
10 milhões num só filme. Projetos
muito caros são difíceis de serem
viabilizados. O investidor prefere
projetos menores para ter retorno
mais rápido", diz.
Cenário
Devido à queda na captação de
recursos, o produtor Barreto visualiza um cenário de filme B para o cinema nacional neste ano.
"A previsão era de que seriam feitos de 40 a 50 novos filmes. Dificilmente serão iniciados dez novos
filmes. Das empresas que conheço, ninguém vai começar um projeto novo em 2000."
Barreto diz que "sentiu na pele"
o "efeito Chatô". Conta que não
conseguiu captar R$ 2,5 milhões
para terminar "Bossa Nova", orçado em R$ 7,5 milhões e que estréia em abril . "Acabei fazendo
empréstimo em banco."
Ugo Giorgetti, diretor de "Boleiros", esperava começar a rodar
neste ano seu novo projeto "O
Príncipe", que irá custar R$ 2 milhões. "Captei apenas 45% até
agora. Está difícil", afirma.
(DANIEL CASTRO)
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