São Paulo, Quinta-feira, 03 de Fevereiro de 2000


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3ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES
Público elege Marcelo Masagão

enviado especial a Tiradentes

No páreo, havia títulos mais populares, como "Por Trás do Pano", de Luiz Villaça, "Orfeu", de Carlos Diegues, e "O Tronco", de João Batista de Andrade. Mas foi "Nós Que Aqui Estamos por Vós Esperamos" o longa eleito pelo público da 3ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que aconteceu entre 21 e 29 de janeiro.
A obra de Marcelo Masagão mistura história e ficção, dispensando atores globais e histórias adrenalínicas. Curioso é que o público que elegeu o megassucesso do cineasta paulista foi o mesmo que abarrotou a sala do centro cultural da cidade para assistir filmes como "Xuxa Requebra". Um mesmo contingente que enfrentou as chuvas na cidade para ver "Um Copo de Cólera".
O curta vencedor, "O Oitavo Selo", do gaúcho Tomás Enrique Creus, cita "O Sétimo Selo", de Ingmar Bergman, achincalhando o medo da morte.
O outro eleito pelo público foi o vídeo "Água Benta, Fé Ardente; Água Ardente, Fé Benta", de João Luiz Dornelas e Armando Mendes.
Se o propósito da mostra sempre foi o de apresentar novas produções, títulos nacionais nunca exibidos em Minas Gerais, lançar livros e divulgar a cinematografia mineira este ano ela conclamou o público à votação e distribuiu troféus e outros prêmios aos vencedores, como rolos de negativos.
Uma comissão de 35 críticos de cinema votou nos melhores de todos os tempos. O resultado trouxe a Tiradentes de "Terra em Transe" a "Central do Brasil". O campeão foi "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha.
Carlos Reichenbach e José Mojica Marins foram homenageados em amplas retrospectivas.
As mulheres também foram lembradas, recebendo as luzes do projetor em curtas como "O Primeiro Dia", de Daniela Thomas e Walter Salles, e em curtas como "Vila Isabel", de Isabel Diegues.
Alice Gonzaga apresentou a cópia restaurada do filme que seu pai, Adhemar Gonzaga, produziu em 1946: o grande sucesso nacional "O Ébrio".

O de sempre?
Não poderiam faltar as oficinas de técnicas de filmagem e palestras e debates sobre os caminhos do cinema brasileiro.
Mas o resultado até fugiu da banalidade, e salientou o quanto os cineastas brasileiros penam para firmar um estilo ou conseguir levar suas idéias à tela.
O crítico José Carlos Avellar e o cineasta Luiz Alberto "Gal" Pereira foram alguns bons nomes que contribuíram para a discussão.
E o "Hans Staden" de Gal foi um exemplo de cinema bem-acabado e previamente idealizado, exibido um dia antes do encerramento da mostra, que aconteceu com "O Circo das Qualidades Humanas", dirigido a oito mãos, um manifesto de força de vontade dos cineastas mineiros em firmar uma cinematografia que não repercute no país desde Carlos Alberto Prates Corrêa. (PAULO SANTOS LIMA)


O jornalista Paulo Santos Lima viajou a convite da organização da mostra


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