|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
3ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES
Público elege Marcelo Masagão
enviado especial a Tiradentes
No páreo, havia títulos mais populares, como "Por Trás do Pano", de Luiz Villaça, "Orfeu", de
Carlos Diegues, e "O Tronco", de
João Batista de Andrade. Mas foi
"Nós Que Aqui Estamos por Vós
Esperamos" o longa eleito pelo
público da 3ª Mostra de Cinema
de Tiradentes, que aconteceu entre 21 e 29 de janeiro.
A obra de Marcelo Masagão
mistura história e ficção, dispensando atores globais e histórias
adrenalínicas. Curioso é que o público que elegeu o megassucesso
do cineasta paulista foi o mesmo
que abarrotou a sala do centro
cultural da cidade para assistir filmes como "Xuxa Requebra". Um
mesmo contingente que enfrentou as chuvas na cidade para ver
"Um Copo de Cólera".
O curta vencedor, "O Oitavo Selo", do gaúcho Tomás Enrique
Creus, cita "O Sétimo Selo", de
Ingmar Bergman, achincalhando
o medo da morte.
O outro eleito pelo público foi o
vídeo "Água Benta, Fé Ardente;
Água Ardente, Fé Benta", de João
Luiz Dornelas e Armando Mendes.
Se o propósito da mostra sempre foi o de apresentar novas produções, títulos nacionais nunca
exibidos em Minas Gerais, lançar
livros e divulgar a cinematografia
mineira este ano ela conclamou o
público à votação e distribuiu troféus e outros prêmios aos vencedores, como rolos de negativos.
Uma comissão de 35 críticos de
cinema votou nos melhores de todos os tempos. O resultado trouxe
a Tiradentes de "Terra em Transe" a "Central do Brasil". O campeão foi "Deus e o Diabo na Terra
do Sol", de Glauber Rocha.
Carlos Reichenbach e José Mojica Marins foram homenageados
em amplas retrospectivas.
As mulheres também foram
lembradas, recebendo as luzes do
projetor em curtas como "O Primeiro Dia", de Daniela Thomas e
Walter Salles, e em curtas como
"Vila Isabel", de Isabel Diegues.
Alice Gonzaga apresentou a cópia restaurada do filme que seu
pai, Adhemar Gonzaga, produziu
em 1946: o grande sucesso nacional "O Ébrio".
O de sempre?
Não poderiam faltar as oficinas
de técnicas de filmagem e palestras e debates sobre os caminhos
do cinema brasileiro.
Mas o resultado até fugiu da banalidade, e salientou o quanto os
cineastas brasileiros penam para
firmar um estilo ou conseguir levar suas idéias à tela.
O crítico José Carlos Avellar e o
cineasta Luiz Alberto "Gal" Pereira foram alguns bons nomes que
contribuíram para a discussão.
E o "Hans Staden" de Gal foi um
exemplo de cinema bem-acabado
e previamente idealizado, exibido
um dia antes do encerramento da
mostra, que aconteceu com "O
Circo das Qualidades Humanas",
dirigido a oito mãos, um manifesto de força de vontade dos cineastas mineiros em firmar uma cinematografia que não repercute no
país desde Carlos Alberto Prates
Corrêa.
(PAULO SANTOS LIMA)
O jornalista Paulo Santos Lima viajou a
convite da organização da mostra
Texto Anterior: Cinema: Roterdã mistura gêneros Próximo Texto: Serviço: Folha Informações Música bate recorde de ligações em janeiro Índice
|