São Paulo, quinta-feira, 03 de fevereiro de 2005

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Vik Muniz cria escola de formação artística no Rio

DA REPORTAGEM LOCAL

Vik Muniz já "popularizou" sua arte. Retratos feitos de açúcar, chocolate, sujeira e pequenos objetos viraram sua marca e são admirados e facilmente reconhecidos. Agora, o brasileiro quer popularizar o acesso à arte para potenciais artistas.
Ele está desenvolvendo no Rio o projeto de um centro de formação para jovens que possuem inclinação artística e não têm dinheiro. Será um espaço com estúdios individuais que vão abrigar por um ano nove participantes. Eles terão contato com artistas, curadores e críticos, além de aulas.
"Venho de uma família humilde e não sabia nem da possibilidade de viver como artista. Como aconteceu comigo, podem existir outras pessoas na mesma situação", diz Muniz.
Baseada no modelo da escola alemã Bauhaus, a formação será dividida em três etapas. A primeira é o embasamento teórico, com matérias como filosofia e história natural. Depois, haverá aulas em estúdio. Por fim, a realização de um trabalho que será exposto e documentado em um catálogo.
"Será um espaço para que eles aprendam um pouco por osmose, observando outros artistas."
A idéia é que os participantes ganhem um auxílio em dinheiro durante o processo e tenham apoio para encontrar uma ocupação após a sua conclusão.
O projeto é uma parceria com a ONG carioca Talento da Vez e será parcialmente custeado pelas obras que o artista realizar em seu novo ateliê no Rio, onde ele cria obras que usam grandes objetos. Instalado no mesmo espaço onde funcionará o projeto de formação, os galpões da Companhia das Docas, no centro, o ateliê do artista tem o tamanho de dois campos de futebol de salão.
O centro de formação já está sendo reformado e deve começar a funcionar até o fim deste ano. Atualmente, estão sendo definidos os critérios de ingresso e os nomes do conselho que ajudará na administração.
Não é de hoje que Muniz se preocupa com o ensino. "Tenho interesse muito grande pelo assunto. Defendo a educação visual, que as pessoas não parem de desenhar quando aprendem a ler. Isso suprime uma série de faculdades. Nesse mundo em que a imagem é tão importante quanto o texto, a pessoa será melhor equipada se desenvolver sua educação visual", defende.
Radicado há 21 anos nos EUA, Vik Muniz, 43, não vê a hora de voltar. "Sou americano também. É chato estar vivendo numa política muito parecida com a que existia quando sai do Brasil." E completa: "O Brasil está vivendo um período interessante de democracia, apesar de todas as dificuldades".
"Estou olhando pela janela, e há dois palmos de neve no jardim. Estava sol quando saí do Rio há duas semanas", lamentou dos EUA, por telefone. (TN)


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