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Vik Muniz cria escola de formação artística no Rio
DA REPORTAGEM LOCAL
Vik Muniz já "popularizou" sua
arte. Retratos feitos de açúcar,
chocolate, sujeira e pequenos objetos viraram sua marca e são admirados e facilmente reconhecidos. Agora, o brasileiro quer popularizar o acesso à arte para potenciais artistas.
Ele está desenvolvendo no Rio o
projeto de um centro de formação
para jovens que possuem inclinação artística e não têm dinheiro.
Será um espaço com estúdios individuais que vão abrigar por um
ano nove participantes. Eles terão
contato com artistas, curadores e
críticos, além de aulas.
"Venho de uma família humilde
e não sabia nem da possibilidade
de viver como artista. Como
aconteceu comigo, podem existir
outras pessoas na mesma situação", diz Muniz.
Baseada no modelo da escola
alemã Bauhaus, a formação será
dividida em três etapas. A primeira é o embasamento teórico, com
matérias como filosofia e história
natural. Depois, haverá aulas em
estúdio. Por fim, a realização de
um trabalho que será exposto e
documentado em um catálogo.
"Será um espaço para que eles
aprendam um pouco por osmose,
observando outros artistas."
A idéia é que os participantes
ganhem um auxílio em dinheiro
durante o processo e tenham
apoio para encontrar uma ocupação após a sua conclusão.
O projeto é uma parceria com a
ONG carioca Talento da Vez e será parcialmente custeado pelas
obras que o artista realizar em seu
novo ateliê no Rio, onde ele cria
obras que usam grandes objetos. Instalado no mesmo espaço onde
funcionará o projeto de formação, os galpões da Companhia das
Docas, no centro, o ateliê do artista tem o tamanho de dois campos
de futebol de salão.
O centro de formação já está
sendo reformado e deve começar
a funcionar até o fim deste ano.
Atualmente, estão sendo definidos os critérios de ingresso e os
nomes do conselho que ajudará
na administração.
Não é de hoje que Muniz se
preocupa com o ensino. "Tenho
interesse muito grande pelo assunto. Defendo a educação visual,
que as pessoas não parem de desenhar quando aprendem a ler.
Isso suprime uma série de faculdades. Nesse mundo em que a
imagem é tão importante quanto
o texto, a pessoa será melhor
equipada se desenvolver sua educação visual", defende.
Radicado há 21 anos nos EUA,
Vik Muniz, 43, não vê a hora de
voltar. "Sou americano também.
É chato estar vivendo numa política muito parecida com a que
existia quando sai do Brasil." E
completa: "O Brasil está vivendo
um período interessante de democracia, apesar de todas as dificuldades".
"Estou olhando pela janela, e há
dois palmos de neve no jardim.
Estava sol quando saí do Rio há
duas semanas", lamentou dos
EUA, por telefone.
(TN)
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