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"EDISON - PODER E CORRUPÇÃO"
Thriller discute ética e jornalismo
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA
O medo de desafiar os padrões considerados certos
para atração de público no mercado americano tem levado ao fracasso bons projetos de filme nos
EUA. A obsessão por seguir a fórmula em que não podem faltar
violência explícita, perseguições
frenéticas e algumas cenas de casal na cama empobrece diálogos e
idéias até interessantes, que se
tornam ilhas em meio a cenas que
visam agradar os espectadores.
É o caso de "Edison - Poder e
Corrupção", primeira produção
para cinema do diretor David
Burke, que peca ainda pelos cacoetes da linguagem das séries de
TV repetidos na tela grande com
efeitos estéticos discutíveis.
Quem atravessar os tiroteios e
espancamentos absolutamente
gratuitos (desde as primeiras cenas), com direito a esguichos de
sangue, vai se defrontar com algumas situações sobre as quais vale
a pena refletir. Especialmente
quem se interessa por jornalismo.
Edison é o nome de uma cidade
onde policiais desonestos se associam com políticos e montam um
grande esquema de corrupção.
Um jovem repórter do jornal comunitário local (Justin Timberlake) resolve investigar o esquema
para impressionar a namorada e
o patrão (Morgan Freeman).
O personagem vivido por Freeman é inspirado pelo repórter fotográfico Eddie Adams, que se celebrizou pela foto que mostra um
militar sul-vietnamita matando
um guerrilheiro vietcongue com
um tiro na cabeça numa rua de
Saigon em 1968. É um velho jornalista que o tempo e as desilusões tornaram cínico, mas que vê
o idealismo da juventude renascer com o entusiasmo de seu foca.
Para ajudá-lo, coloca-o em contato com um promotor público
(Kevin Spacey), seu antigo conhecido, única pessoa honesta no circuito do poder em Edison.
O trio, mais um policial do grupo da corrupção que se rebela por
amor à noiva, enfrentam a máfia
da cidade (mais tiros, torturas e
sangue em abundância) e evidentemente sai vencedor. No meio do
caminho, muitas dúvidas sobre a
dicotomia entre justiça e legalidade, o papel da imprensa diante do
sistema legal, quais informações
revelar e quando.
"No jornalismo, assim como na
justiça, às vezes as perguntas mais
relevantes são as que se escolhe
não fazer": esta é a moral discutível do filme, que seria muito melhor se não apelasse tanto para a
violência.
Como, por exemplo, fez Joel
Schumacher em "O Custo da Coragem", que relata a história verdadeira de Veronica Guerin, a jornalista irlandesa que investigou e
denunciou o tráfico de drogas em
Dublin na década de 1990. Shumacher discute temas muito parecidos com os de "Edison", com
violência menos escandalosa e resultados dramáticos muito superiores.
Carlos Eduardo Lins da Silva é jornalista
e diretor da Patri Relações Governamentais e Políticas Públicas
Edison - Poder e Corrupção
Edison
Produção: EUA, 2005
Direção: David J. Burke
Com: Kevin Spacey, Morgan Freeman
Quando: a partir de hoje nos cines
Interlagos, Gemini e circuito
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