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CINEMA
Principal festival de documentários do país anuncia filmes nacionais que exibe neste ano e ressalta diversidade estilística
É Tudo Verdade divulga brasileiros, com arte e variedade
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A seleção brasileira do principal
festival de documentários do país
já está escalada. O É Tudo Verdade anunciou ontem os 29 filmes
nacionais que serão exibidos na
edição deste ano. Completando
uma década de atividades, o festival terá 15 produções "made in
Brazil" concorrendo com as internacionais, que serão divulgadas
na semana que vem.
Na programação, estão cineastas experientes, como Walter Carvalho, Henri Arraes Gervaiseau e
Cao Guimarães, e novatos, como
a dupla Cleisson Vidal & Andrea
Prates, documentaristas que estréiam competindo na categoria
médias e longas com "Missionários", documentário sobre uma
banda de rock de presidiários.
Vistos em conjunto, os filmes
brasileiros são marcados pela falta de unidade. De acordo com o
criador e diretor do festival, Amir
Labaki, a variedade estilística é o
tom dominante das safras recentes.
O salto na qualidade dos documentários é outra das impressões
que Labaki diz ter colhido entre os
inscritos para o evento, que acontece entre 29 de março e 10 de
abril em São Paulo e entre 31 de
março e 10 de abril no Rio.
"Está cada vez mais difícil selecionar os brasileiros do festival.
Cada vez o número de inscritos é
maior e, pior (ou melhor), a qualidade subiu muito. Coisas muito
boas ficam de fora", afirma.
Se a variedade é dominante, um
tema menos privilegiado nos últimos anos ganha relevo no 10º É
Tudo Verdade. A arte.
"Voltamos a ter filmes sobre artistas e sobre a arte, que já foi uma
tradição brasileira. E o melhor é
que são mais inventivos do que os
que se faz normalmente, nada
acadêmicos", adiciona.
Entre essas produções artísticas,
está "Moacir Arte Bruta", longa
assinado pelo premiado fotógrafo
e co-diretor de "Janela da Alma" e
"Cazuza", Walter Carvalho.
Um pintor pobre e isolado que
vive em um recanto da Chapada
dos Veadeiros (Goiás), Moacir, é
o tema do diretor. O escultor Cícero Alves dos Santos, o Véio,
também salta do sertão sergipano
para as telas do sudeste, no curta
"O Véio", de Adelina Prado.
O filme terá pela frente curtas já
premiados. Entre os destaques,
estão "Da Janela do Meu Quarto",
de Cao Guimarães, que com a história da "briga amorosa" de duas
crianças ganhou prêmios em festivais do Rio e de Porto Alegre, e
"Operação Cavalo de Tróia" , do
trio Laura Faerman, Axel Weisz e
Thiago Villas Boas, que levou o
prêmio de melhor documentário
do festival Mix Brasil contando a
aventura de jovens da periferia
que tentam entrar de "bico" numa festa de música eletrônica.
Com passaporte carimbado no
festival de Sundance deste ano, o
filme "Soy Cuba, o Mamute Siberiano" é um dos destaques entre
os longas e médias em competição. O filme de Vicente Ferraz recupera a história de outro filme, o
longa de 1962 "Soy Cuba", primeira co-produção de Cuba e
União Soviética, só lançado fora
dos domínios comunistas recentemente.
Já com prêmios em edições anteriores do É Tudo Verdade, Evaldo Mocarzel também é destaque
entre os competidores de média e
longa duração, com seu "Do Luto
à Luta", documentário sobre a
síndrome de Down.
Além da presença brasileira nas
competições e na mostra O Estado das Coisas, o filme nacional está presente no miniciclo 3 x São
Paulo. Os documentários "Cosmópolis", de Otávio Cury e Camilo Tavares, "São Paulo - Retratos
do Mundo", de Flavio Frederico, e
"Sonoroscópio SP", de Kiko Goifman & Rachel Monteiro, falam da
cidade de 451 anos.
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