São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2005

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CINEMA

Principal festival de documentários do país anuncia filmes nacionais que exibe neste ano e ressalta diversidade estilística

É Tudo Verdade divulga brasileiros, com arte e variedade

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A seleção brasileira do principal festival de documentários do país já está escalada. O É Tudo Verdade anunciou ontem os 29 filmes nacionais que serão exibidos na edição deste ano. Completando uma década de atividades, o festival terá 15 produções "made in Brazil" concorrendo com as internacionais, que serão divulgadas na semana que vem.
Na programação, estão cineastas experientes, como Walter Carvalho, Henri Arraes Gervaiseau e Cao Guimarães, e novatos, como a dupla Cleisson Vidal & Andrea Prates, documentaristas que estréiam competindo na categoria médias e longas com "Missionários", documentário sobre uma banda de rock de presidiários.
Vistos em conjunto, os filmes brasileiros são marcados pela falta de unidade. De acordo com o criador e diretor do festival, Amir Labaki, a variedade estilística é o tom dominante das safras recentes.
O salto na qualidade dos documentários é outra das impressões que Labaki diz ter colhido entre os inscritos para o evento, que acontece entre 29 de março e 10 de abril em São Paulo e entre 31 de março e 10 de abril no Rio.
"Está cada vez mais difícil selecionar os brasileiros do festival. Cada vez o número de inscritos é maior e, pior (ou melhor), a qualidade subiu muito. Coisas muito boas ficam de fora", afirma.
Se a variedade é dominante, um tema menos privilegiado nos últimos anos ganha relevo no 10º É Tudo Verdade. A arte.
"Voltamos a ter filmes sobre artistas e sobre a arte, que já foi uma tradição brasileira. E o melhor é que são mais inventivos do que os que se faz normalmente, nada acadêmicos", adiciona.
Entre essas produções artísticas, está "Moacir Arte Bruta", longa assinado pelo premiado fotógrafo e co-diretor de "Janela da Alma" e "Cazuza", Walter Carvalho.
Um pintor pobre e isolado que vive em um recanto da Chapada dos Veadeiros (Goiás), Moacir, é o tema do diretor. O escultor Cícero Alves dos Santos, o Véio, também salta do sertão sergipano para as telas do sudeste, no curta "O Véio", de Adelina Prado.
O filme terá pela frente curtas já premiados. Entre os destaques, estão "Da Janela do Meu Quarto", de Cao Guimarães, que com a história da "briga amorosa" de duas crianças ganhou prêmios em festivais do Rio e de Porto Alegre, e "Operação Cavalo de Tróia" , do trio Laura Faerman, Axel Weisz e Thiago Villas Boas, que levou o prêmio de melhor documentário do festival Mix Brasil contando a aventura de jovens da periferia que tentam entrar de "bico" numa festa de música eletrônica.
Com passaporte carimbado no festival de Sundance deste ano, o filme "Soy Cuba, o Mamute Siberiano" é um dos destaques entre os longas e médias em competição. O filme de Vicente Ferraz recupera a história de outro filme, o longa de 1962 "Soy Cuba", primeira co-produção de Cuba e União Soviética, só lançado fora dos domínios comunistas recentemente.
Já com prêmios em edições anteriores do É Tudo Verdade, Evaldo Mocarzel também é destaque entre os competidores de média e longa duração, com seu "Do Luto à Luta", documentário sobre a síndrome de Down.
Além da presença brasileira nas competições e na mostra O Estado das Coisas, o filme nacional está presente no miniciclo 3 x São Paulo. Os documentários "Cosmópolis", de Otávio Cury e Camilo Tavares, "São Paulo - Retratos do Mundo", de Flavio Frederico, e "Sonoroscópio SP", de Kiko Goifman & Rachel Monteiro, falam da cidade de 451 anos.


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