RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Páscoa é tradicionalmente a época de comer bacalhau, mas quem está ansioso para saborear um bom prato do peixe não precisa esperar. Restaurantes abertos recentemente dedicam lugar de destaque ao bacalhau, trazido ao Brasil pelas caravelas portuguesas e popularizado com a chegada da corte ao Rio de Janeiro, no século 19. Os altos preços de importação não impediram o surgimento de restaurantes mais baratos, como a Bacalhoaria do Empório Chiappetta e o Terra à Vista.
Aberta em novembro no Mercado Municipal, a Bacalhoaria tem uma proposta ambiciosa. Além de funcionar como restaurante, vende pratos semiprontos e ingredientes para quem deseja preparar sua receita em casa -de bacalhau in natura, dessalgado e congelado, passando por temperos, azeites e alcaparras.
O cardápio leva um toque italiano que remete às origens da família Chiappetta: lasanha, ravioli e bruschetta de bacalhau, com preços que variam de R$ 6 a R$ 34. Novas receitas de postas e saladas estão sendo testadas e deverão ser introduzidas ao cardápio ainda neste mês. "Nós sempre sonhamos abrir um lugar assim, inteiramente voltado ao bacalhau", diz Leonardo Chiappetta, um dos netos do fundador do empório.
Apesar de estar instalada no Mercadão, a Bacalhoaria apresenta identidade própria -todo o ambiente recebe farta luz natural, e a disposição dos produtos remete a um empório de épocas passadas. Na entrada, ao lado do bar, doces portugueses dividem espaço com ingredientes para o preparo de massas. Pequenos balcões de madeira convidam a uma parada para saborear entradas como a coxinha de bacalhau (R$ 4, a porção). As mesas para o almoço ficam mais ao fundo, do outro lado das prateleiras repletas de vinhos de diversas origens que podem ser consumidos no local pelo preço de varejo.
Já o Vintage e o Terra à Vista são a resposta do chef alentejano Paulo Mateus aos seus conterrâneos. "Quando cheguei ao Brasil, eles reclamavam que os preços dos restaurantes portugueses eram muito altos, então resolvi oferecer alternativas", afirma. Mateus chegou ao país há seis anos, depois de conquistar duas estrelas do prestigiado guia "Michelin" pelo comando do restaurante Movenpick, em Munique, na Alemanha. Desde então, está construindo um pequeno império gastronômico -ele comanda também o Girassol do Alentejo, na Vila Madalena. Versões clássicas se sobressaem no Terra à Vista, como o bacalhau à Braz (R$ 20, servido desfiado com ovos, salsa, azeite e batata palha). Enquanto o Terra à Vista tem o clima da Vila Madalena, no Vintage a decoração é mais sofisticada. Os preços sobem um pouco, mas o prato mais caro, com camarão, pára nos R$ 51.
Já o restaurante A Bela Sintra, aberto por Carlos Bittencourt e Valderi Gomes Ponte, segue os passos do Antiquarius, de onde os sócios vieram após 18 anos de trabalho conjunto. Os preços (um prato chega a R$ 78 por pessoa) não têm inibido a clientela -o lugar já registrou filas de até duas horas, com clientes anônimos e famosos. Antes mesmo de entrar, a fachada sóbria dá uma pista sobre o restaurante. Com toques de cobre, pedra e madeira, a decoração segue os tons naturais.
O cardápio, montado em uma tarde pelos dois sócios, tem seis opções do peixe. "Adoro trabalhar com bacalhau", diz o chef Valderi Ponte. "É preciso tratá-lo com carinho."