São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2005

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LITERATURA

Sociólogo, que perdeu em 2002, disputa a cadeira de Celso Furtado

Jaguaribe deve vencer eleição da ABL

DA SUCURSAL DO RIO

A Academia Brasileira de Letras (ABL) volta hoje de seu recesso com uma eleição que não promete surpresas. O sociólogo e cientista político Hélio Jaguaribe, 81, deverá ser eleito com praticamente todos os 39 votos possíveis para a cadeira 11, aberta com a morte do economista Celso Furtado, em 20 de novembro do ano passado.
Seus adversários (Nelson Valente, Marco Aurélio Lomônaco Pereira e Paulo Hirano) não são escritores expressivos.
Jaguaribe tenta pela segunda vez se tornar imortal. Na primeira, em 2002, foi derrotado por Paulo Coelho. Ambos não conseguiram os 19 votos necessários para ganhar no primeiro turno e se enfrentaram no segundo. O autor de "O Alquimista", então, venceu por 22 votos a 15.
"Ele teve uma votação muito boa na época e só não ganhou porque muita gente queria a entrada de Paulo Coelho na Academia. Mas, agora, todos perceberam que era a sua vez", diz um acadêmico.
Já na sessão de saudade dedicada a Celso Furtado, uma semana após sua morte, Jaguaribe compareceu à Academia, demonstrando sua intenção de se candidatar à cadeira.
A boa acolhida de seu nome entre os imortais desestimulou outros possíveis candidatos, como o publicitário Mauro Salles.
A cadeira 11 é, no momento, a única vaga da ABL. Ela foi ocupada durante sete anos pelo economista Celso Furtado, autor dos clássicos "Formação Econômica do Brasil" (1959) e "Dialética do Desenvolvimento" (1964), entre mais de 30 livros.

Nacionalismo
Teórico e estudioso do nacional-desenvolvimentismo, Jaguaribe é autor de mais de 40 livros, sozinho ou ao lado de outros intelectuais. Entre suas obras, estão "O Nacionalismo da Intelectualidade Brasileira", da década de 50, "Um Estudo Crítico da História", de 2001, e "Brasil: Alternativas e Saída", de 2002.
Jaguaribe foi um dos principais professores do Iseb (Instituto Superior de Estudos Brasileiros) e lecionou nas universidades norte-americanas Harvard e Stanford e no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).
Ele também ocupou o Ministério da Ciência e Tecnologia durante o governo de Fernando Collor de Mello [1990-1992].
Logo depois da morte de Celso Furtado, surgiu na Academia a informação de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se candidataria à cadeira 11, mas estaria sofrendo resistências internas. A intenção de se tornar integrante da ABL foi negada por FHC na época.


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