São Paulo, sexta-feira, 03 de março de 2006

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Californication - parte 2

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA, EM LOS ANGELES

Apareceu na seção de lançamentos da Amoeba Music de Los Angeles, a maior loja de discos/DVD do mundo, a edição especial do CD "The Modern Lovers" (1976), da banda americana de mesmo nome. Isso, como eles dizem nos EUA, é "huge", ou aquela "palavra-de-quatro-letras" na tradução brasileira.
O Modern Lovers, de Boston, é uma daquelas ótimas bandas pré-punks dos 60/70, de garagem, que caminhava paralela a Velvet Underground, The Stooges etc. reconstruindo no underground um mundo musical pós-Woodstock, pós-Hendrix e pós-Beatles. Para muitos, o ML é a mais querida de todas, por causa de Jonathan Richman, sua voz de menino chapado e as melhores letras de rock, tirando as do Morrissey.
Dentre as muitas obras-primas do disco, retrato do cotidiano de um cara regular de Massachusetts que ama música, dirigir rápido e garotas, "The Modern Lovers" tem "Hospital", balada cruelmente linda em que Richman faz juras para a menina que convalesce de alguma coisa em algum hospital. Ele quer voltar para a vida dela quando a moça tiver alta. Pega o metrô e vai dar umas voltas no subúrbio dela. Morre de ciúme quando cruza por lá os ex-namorados dela. E, enquanto ela não sai do hospital, vai a docerias porque a vida dele sofre uma carência de coisas doces. Richman é gênio.
Mas não entendi por que esta reedição, com faixas extras e versões alternativas, está como "new releases" na Amoeba. Mas quem se importa com isso? Os Modern Lovers fazem todo o sentido hoje, olhando para essa leva de bandas novas legais da Inglaterra, cheia de moleques cantando sobre o cotidiano ordinário por meio de músicas ótimas e letras cheias de poesia juvenil. Há muito de Modern Lovers em Art Brut, Rakes e Arctic Monkeys. Ouve lá.

Medo
Na mesa de entrevistas com Kiefer Sutherland, sobre a série "24 Horas", soltei uma pergunta que, com o melhor olhar "Jack Bauer", ele virou para mim e respondeu: "Entendo o que você fala, mas não concordo com o que você diz". Por um momento, pensei que ele ia tirar a arma de baixo da mesa, disparar, voar por cima para me imobilizar, ligar para a CTU e dizer: "Ribeiro está pego. Eu repito: Ribeiro está pego".
Se tudo correr como o programado, as infos sobre a nova temporada, mais a entrevista com Sutherland, aparecem aqui nesta Ilustrada, no domingo.
E para quem estava com saudade da loiríssima Elisha Cuthbert, a Kim Bauer, pode ir arrumar esse cabelo e botar uma roupa bonita. Ela está de volta na segunda temporada. E, mais, estrela o clipe novo da banda Weeze. Não errei não. É Weezer, sem o "r" final. Por culpa da Elisha.

O mundo é indie
No bem simpático filme "O Matador", previsto para estrear semana que vem no Brasil, Pierce Brosnan mostra que até os matadores de aluguel podem ser gente fina. Mas o que é cool mesmo é a trilha, cheia de som bom: um The Jam no começo, um Cramps no meio e o final apoteótico com "All These Things I've Done", do Killers. Que beleza!

Oasis extra?
Com os ingressos para o show do dia 15 esgotados e com o Oasis tocando depois só no dia 20, no Canadá, a CIE bem que podia fazer uma apresentação extra da banda inglesa Oasis para o dia seguinte aqui em SP. Vai, CIE. The brothers gonna work it out.


@ - lucio@uol.com.br

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