São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2011

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CRÍTICA RESTAURANTE

Morena Leite abre segunda casa em SP

No Instituto Tomie Ohtake, Santinho propõe um passeio sentimental e moderno pelo Brasil

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

O Santinho, novo restaurante do Instituto Tomie Ohtake, não é o Capim Santo -informação para quem conhece o restaurante principal da chef Morena Leite. Mas tem, aqui e ali, alguma semelhança, senão física, ao menos no espírito.
As diferenças começam -e se embaralham- pelo ambiente. O Capim Santo, primeira cria da chef inspirada na casa homônima de seus pais em Trancoso, na Bahia, nasceu na Vila Madalena, no meio de um terreno arborizado. Isso foi há 12 anos, e a chef, que estudara cozinha em Paris, tinha apenas 18 anos.
Quando saiu do bairro para o endereço atual nos Jardins, não deixou de levar consigo um pouco da paisagem (a mudança foi para uma antiga casa também com um jardim generoso).
O Santinho não tem essa paisagem: mesmo com uma abertura para fora, ele é dominado pelas arestas de concreto do edifício que abriga o instituto cultural. Mas tanto um restaurante quanto o outro primam pelo entorno.
A nova casa funciona no almoço e se baseia no serviço de bufê (que também existe, desde o nascimento, no Capim Santo, onde, porém, ele não é exclusivo). E, ao longo da semana, ele desfila pratos mais ou menos relacionados à cultura do cotidiano paulistano. E brasileiro.
Esse é o outro ponto de intersecção dos dois restaurantes de Morena -e certamente uma de suas qualidades: existe um espírito por trás desse bufê de almoço. Um olhar brasileiro que de certa forma o guia, evitando a fácil solução dos self-services, que na maioria se resumem a ser um pouco de tudo, sem alma e sem direção.
O Santinho é farto. Recém-aberto, não é impecável na sua oferta. Mas seu bufê se distribui em pequenas unidades temáticas que fazem sentido.
Num determinado dia você terá, por exemplo, num ponto da longa bancada, as saladas frias. Noutro ponto, vários tipos de arroz e grãos.
Mais adiante, uma feijoada e, logo depois, pratos quentes como o picadinho com purê de aipim e quibebe ou carne-seca na moranga (além de receitas de peixes e aves).
Lá no final, homenagem à Bahia e ao Nordeste brasileiro, uma estação de tapioca doce e salgada preparada na hora. Entre as sobremesas, compotas de frutas e criações como o brigadeiro de capim-santo.
E ao longo de todos os pratos, como se vê, a inspiração brasileira, seja nas receitas, seja nos ingredientes, o que dá uma personalidade ao cardápio.
O picadinho pode estar um pouco salgado, a feijoada também. Mas, se você se revoltar por ver que esta parece "light", tem poucos cortes suínos, saberá que a chef tem a sabedoria de utilizar orelha, pé e rabo de porco para dar sabor ao cozimento (e, se pedir com jeitinho, receberá os preciosos pertences trazidos direto da cozinha).
O Santinho, tocado por Morena Leite, 30, e Nelson Calatayud, 45, tem toques contemporâneos, sem ter necessariamente um apelo de cozinha regional (Morena é baiana, mas seu menu, não), traz um passeio sentimental e moderno pelo Brasil.

josimar@basilico.com.br

SANTINHO

ENDEREÇO r. dos Coropés, 88, Alto de Pinheiros (no Instituto Tomie Ohtake), tel. 0/xx/11/3034-4673
FUNCIONAMENTO de terça a sexta, das 12h às 15h; sábados, domingos e feriados, das 12h30 às 17h
AMBIENTE aberto, gostoso, com vista para o saguão do instituto
SERVIÇO sem muito segredo, às vezes distraído
VINHOS oferta ainda limitada
CARTÕES D, M e V
ESTACIONAMENTO R$ 15
PREÇOS bufê: R$ 38,50 (de terça a sexta), R$ 53 (aos sábados) e R$ 58,50 (aos domingos e feriados)


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