São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2008 |
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NINA HORTA Assuntinhos ao léu Espero ler que salada engorda e que correr na praia é um projeto, pelo menos, ridículo
DESDE O fim dos anos 50, as revistas americanas "Ladies"
Home Journal" e "Good
Housekeeping" apresentavam duas
dietas por número. Quer dizer que a
nossa cabeça foi bombardeada por
regimes, todos os meses desde essa
época. Claro que tudo mudava,
quem não sabe... De dois em dois
anos, aparecia um novo método indefectível, alguém havia emagrecido
30 kg comendo só abacaxi ou suco
de berinjela, ou olhando para a lua. "Bones -Recipes, History and Lore" (ossos - receitas, história e sabedoria popular), de Jennifer MacLagan (ed. Morrow). Comprei porque adoro osso, às vezes mais que a carne. Nada de costeleta, peito, filé de peixe, pernil de porco e de vitela sem osso. Olhem os nomes das receitas: rabada ao estilo chinês; ossobuco com molho de laranja; ossobuco assado. E a autora é estilista de pratos, fazendo o milagre de apresentar bem um pé de porco, umas asas assadas na Coca-cola, umas asinhas de frango no molho de soja. Temos que voltar a comer o que deixamos de lado. Outro dia, num restaurante chinês, pedimos lulas, e o garçom afirmou que haviam acabado. Vimos um prato sendo servido, perguntamos o que era, e ele se desculpou. "Chamamos de lula os tentáculos, o principal. As rodelinhas geralmente não servimos, só se o cliente quer muito." Ora, bolas. E stava querendo escrever sobre hospitalidade na Páscoa e encomendei um livro na Amazon, "Setting the Table: The Transforming Power of Hospitality in Business" (preparando a mesa: o poder transformador da hospitalidade nos negócios), de Danny Meyer (ed. Harper). Pois não era nada do que eu pensava, era a vida do Danny Meyer, dono do Union Square Cafe, em Nova York, um dos restaurateurs de maior sucesso nos Estados Unidos. Aos 27 anos, lançou seu restaurante; 23 anos depois, é dono da CEO, uma das mais dinâmicas e importantes organizações que trata de restaurantes. O interessante é o que prega como fundamento do sucesso, a hospitalidade. Primeiro, e principalmente, com os empregados, depois com os clientes, comunidade, investidores e fornecedores. Um livro muito importante para donos de restaurantes. Voltamos a ele qualquer dia. Devo me lembrar que há uns dez anos, depois de ter visitado a feirinha em frente, cansada, com dois netos pela mão, pusemos a cabeça para dentro do Union Square Cafe perguntando se aceitavam crianças descabeladas. Foi uma festa. Sentaram os meninos no bar, comentando risonhos: "Só se forem brasileiros que saibam tomar uma caipirinha!" A comida foi excelente; a acolhida, alegre e verdadeira. Vínhamos da Europa, onde as crianças geralmente são tratadas como pestes a serem evitadas a todo custo, pois trazem consigo sarampo e catapora. Chegou hoje também "The Art of Eating" (a arte de comer), de Edward Behr, que assino desde 1986, sobre comida e vinhos (www.artofeating.com). Boa. Ainda há muita coisa amontoada na cabeceira, resolvemos com mais uma coluna, ok? ninahorta@uol.com.br Texto Anterior: Bom e barato: Desfrutti investe em pratos leves e bem-apresentados Próximo Texto: Vendas digitais animam as gravadoras Índice |
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