|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Vendas digitais animam as gravadoras
Balanço de 2007 aponta crescimento de receita em internet e celulares, mas queda nos números de CDs e DVDs
Empresas acreditam em recuperação dos discos neste ano por causa da economia nacional e de lançamentos importantes
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA REPORTAGEM LOCAL
As vendas de CDs e DVDs no
Brasil caíram 31,2% em 2007,
segundo balanço divulgado ontem pela ABPD (Associação
Brasileira dos Produtores de
Discos), e mesmo assim as gravadoras estão comemorando. O
principal motivo é o crescimento do mercado digital.
Os downloads pagos de músicas saltaram de R$ 334 mil em
2006 para R$ 5,7 milhões, um
aumento de 1.619%. As vendas
para telefones celulares pularam de R$ 8,1 milhões para R$
18,5 milhões (127%).
Na soma, o segmento digital
avançou 185%. Se tinha 2% do
mercado interno de música em
2006, passou para 8%. É pouco,
mas, para as gravadoras, a tendência é crescer bem mais.
"A expectativa para 2008 é o
nosso percentual se alinhar à
média do mundo, que é de
15%", disse o presidente da
ABPD, Paulo Rosa.
"É possível que em dois ou
três anos já estejamos em 25%,
marca do Reino Unido", apostou José Antonio Eboli, presidente da Universal Music.
A ABPD ressalta o fortalecimento das lojas online e o aumento de músicas à disposição
na rede -entre 600 e 700 mil.
"Estamos no ar desde maio
de 2006 e nosso volume de vendas cresceu 46% até o fim de
2007", diz Jan Fjeld, diretor da
UOL Megastore (do mesmo
grupo da Folha).
"As pessoas estão cada vez
mais consumindo produtos digitais e há cada vez mais aparelhos que tocam música digital,
sejam computadores, celulares, rádios de carro ou portáteis", disse Beni Goldenberg,
gerente do Terra Sonora.
Queda física
No chamado segmento físico,
foram vendidos 6 milhões de
CDs a menos (19,2%) no ano
passado, ficando o total em 25,4
milhões de unidades (R$ 215
milhões; queda de 33,2%). Entre os DVDs, a queda foi de
7,5% na venda de unidades e de
26,3% na receita.
Os artistas nacionais continuam dominando as listas dos
mais vendidos. Nos CDs, "Minha Benção", do Padre Marcelo
Rossi, conquistou o bicampeonato, com "Multishow ao Vivo
no Maracanã", de Ivete Sangalo, em segundo. Nos DVDs, as
posições se invertem, mas o título do padre é "Momento de
Fé para Uma Vida Melhor".
Ivete, segundo a Universal, já
vendeu 207 mil CDs desse título e 553 mil DVDs. Marcelo
Rossi, de acordo com a
SonyBMG, vendeu 1,1 milhão
do CD e 240 mil do DVD, além
das 2,8 milhões de unidades em
bancas de jornal -que não
constam do relatório da ABPD.
"Mesmo se não tivéssemos o
padre, teríamos um resultado
bom e seríamos a companhia
que mais vendeu CDs no país",
afirmou Alexandre Schiavo, gerente geral da SonyBMG.
Na divisão por faturamento,
no entanto, a Universal está em
primeiro com 31%.
A Sony não teve para lançar
em 2007 discos novos de bons
vendedores como Zezé Di Camargo e Luciano, Jota Quest e,
pela primeira vez na carreira,
Roberto Carlos.
Como eles devem reaparecer
em 2008, juntamente com Ana
Carolina e Adriana Calcanhotto, a empresa está otimista.
"Estamos vendo este ano
com bons olhos, por causa da
situação da economia. Se vier
um crescimento [do mercado
físico], será maravilhoso, mas já
estou contente com o mesmo
patamar", disse Schiavo.
Eboli, da Universal, acredita
até num resultado positivo.
"A parte física não me preocupa, porque o mercado já encontrou um ponto de equilíbrio. Melhoramos no último
trimestre de 2007 e estamos
crescendo."
O otimismo se estende às
gravadoras independentes, que
respondem por cerca de 20%
do mercado.
"Conseguimos uma recuperação razoável em 2007 e 2008
será bem melhor", disse Roberto de Carvalho, presidente da
ABMI (Associação Brasileira
da Música Independente).
Colaborou MARCO AURÉLIO CANÔNICO
Texto Anterior: Nina Horta: Assuntinhos ao léu Próximo Texto: Morre ex-baterista do Kraftwerk Índice
|