São Paulo, sexta-feira, 03 de abril de 2009

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CINEMA

"Monstros vs. Alienígenas" apressa corrida pelo 3D

Cresce no Brasil número de salas equipadas com essa tecnologia, que aumenta lucro

Essa novidade, porém, ainda é restrita a 49 salas de exibição; setor discute solução financeira para ampliar a "virada digital"


SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Eram 37 as salas de cinema no Brasil equipadas para exibir filmes com a tecnologia 3D, até segunda-feira passada.
Nesse mesmo dia, Cesar Silva, diretor-geral no Brasil da distribuidora Paramount, listava 49 salas 3D espalhadas pelo país, em que a animação produzida nesse formato "Monstros vs. Alienígenas" entraria em cartaz, hoje. "O número deve subir para 51 na próxima sexta", diz. A velocidade com que a cifra muda denota o principal movimento em curso nos bastidores da indústria cinematográfica: os exibidores desataram uma corrida para adaptar suas salas ao formato 3D.
A razão é simples: com o público disposto a pagar ingresso mais caro por essa tecnologia, o 3D "representa a oportunidade de a indústria conseguir uma receita maior, em determinados mercados, por ter algo diferente para oferecer", afirma Valmir Fernandes, presidente da Cinemark Internacional.
Se o motivo da expansão do 3D é claro -a chance de lucro maior-, seu futuro, contudo, é incerto. "Eu me sinto como o dono da [fabricante de máquinas de escrever] Olivetti, quando o computador surgiu", diz o exibidor Adhemar Oliveira.
Dono da única sala Imax (com tecnologia 3D e tela gigante) em operação no Brasil, Oliveira comprovou o efeito na bilheteria de uma novidade tecnológica. Desde que inaugurou o Imax, ele viu crescer até a frequência das salas comuns que mantém no mesmo complexo.

Vazamento de espectador
"Como a sala 3D tem número de lugares limitado, nem todos cabem e vazam para as outras. O espectador não encontra mais ingresso para o Imax [onde "Monstros vs. Alienígenas" está em cartaz], mas pensa: "Já que estou aqui, vou ver outro filme". É o que tem acontecido."
A angústia à "dono da Olivetti" que Oliveira descreve é em relação às suas demais salas, que podem estar se tornando anacrônicas sem o 3D, e às futuras. "Não posso inaugurar um cinema com um projetor que daqui a um ano e meio vai parar na lata do lixo", diz.
Ocorre que os projetores digitais aptos às exibições em 3D custam aproximadamente três vezes mais que os equipamentos para a película em 35 mm.
Como pagar a conta de uma transformação que altera todo o negócio do cinema, não apenas o lucro dos exibidores, foi um dilema que demorou a ser solucionado nos EUA e permanece sem resposta no Brasil.
A tecnologia digital elimina a necessidade de produzir e transportar as cópias dos filmes, abolindo um importante custo arcado hoje pelos distribuidores. Por isso, nos EUA, os estúdios ajudaram a financiar a conversão digital dos cinemas.
Aqui, pode acontecer algo semelhante, segundo o diretor-geral da Paramount, mas sem dispensar alguma ajuda do governo. No mês passado, Cesar Silva participou de reunião no BNDES para discutir a instalação de uma fábrica de projetores digitais em Manaus.
"Os estúdios têm estratégia definida de aumentar a produção de filmes em 3D. Os exibidores estão fazendo a lição de casa e tentando se adaptar, mas ainda é pouco, diante da oferta de produtos. Neste ano, há um lançamento em 3D a cada quatro semanas. No ano que vem, será um lançamento a cada duas semanas", diz ele.


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