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CINEMA
"Monstros vs. Alienígenas" apressa corrida pelo 3D
Cresce no Brasil número de salas equipadas com essa tecnologia, que aumenta lucro
Essa novidade, porém, ainda é restrita a 49 salas de exibição; setor discute solução financeira para ampliar a "virada digital"
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Eram 37 as salas de cinema
no Brasil equipadas para exibir
filmes com a tecnologia 3D, até
segunda-feira passada.
Nesse mesmo dia, Cesar Silva, diretor-geral no Brasil da
distribuidora Paramount, listava 49 salas 3D espalhadas pelo
país, em que a animação produzida nesse formato "Monstros
vs. Alienígenas" entraria em
cartaz, hoje. "O número deve
subir para 51 na próxima sexta", diz. A velocidade com que a
cifra muda denota o principal
movimento em curso nos bastidores da indústria cinematográfica: os exibidores desataram uma corrida para adaptar
suas salas ao formato 3D.
A razão é simples: com o público disposto a pagar ingresso
mais caro por essa tecnologia, o
3D "representa a oportunidade
de a indústria conseguir uma
receita maior, em determinados mercados, por ter algo diferente para oferecer", afirma
Valmir Fernandes, presidente
da Cinemark Internacional.
Se o motivo da expansão do
3D é claro -a chance de lucro
maior-, seu futuro, contudo, é
incerto. "Eu me sinto como o
dono da [fabricante de máquinas de escrever] Olivetti, quando o computador surgiu", diz o
exibidor Adhemar Oliveira.
Dono da única sala Imax
(com tecnologia 3D e tela gigante) em operação no Brasil,
Oliveira comprovou o efeito na
bilheteria de uma novidade tecnológica. Desde que inaugurou
o Imax, ele viu crescer até a frequência das salas comuns que
mantém no mesmo complexo.
Vazamento de espectador
"Como a sala 3D tem número
de lugares limitado, nem todos
cabem e vazam para as outras.
O espectador não encontra
mais ingresso para o Imax [onde "Monstros vs. Alienígenas"
está em cartaz], mas pensa: "Já
que estou aqui, vou ver outro
filme". É o que tem acontecido."
A angústia à "dono da Olivetti" que Oliveira descreve é em
relação às suas demais salas,
que podem estar se tornando
anacrônicas sem o 3D, e às futuras. "Não posso inaugurar
um cinema com um projetor
que daqui a um ano e meio vai
parar na lata do lixo", diz.
Ocorre que os projetores digitais aptos às exibições em 3D
custam aproximadamente três
vezes mais que os equipamentos para a película em 35 mm.
Como pagar a conta de uma
transformação que altera todo
o negócio do cinema, não apenas o lucro dos exibidores, foi
um dilema que demorou a ser
solucionado nos EUA e permanece sem resposta no Brasil.
A tecnologia digital elimina a
necessidade de produzir e
transportar as cópias dos filmes, abolindo um importante
custo arcado hoje pelos distribuidores. Por isso, nos EUA, os
estúdios ajudaram a financiar a
conversão digital dos cinemas.
Aqui, pode acontecer algo semelhante, segundo o diretor-geral da Paramount, mas sem
dispensar alguma ajuda do governo. No mês passado, Cesar
Silva participou de reunião no
BNDES para discutir a instalação de uma fábrica de projetores digitais em Manaus.
"Os estúdios têm estratégia
definida de aumentar a produção de filmes em 3D. Os exibidores estão fazendo a lição de
casa e tentando se adaptar, mas
ainda é pouco, diante da oferta
de produtos. Neste ano, há um
lançamento em 3D a cada quatro semanas. No ano que vem,
será um lançamento a cada
duas semanas", diz ele.
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