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Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br
Com 382 lojas, grife chinesa ignora crise
Cruzamento teen de Zara e Gap, a marca Metersbonwe vira hype entre os jovens na China e transforma seu dono no terceiro homem mais rico do país
RAUL JUSTE LORES
EM XANGAI
Terceiro homem mais rico da
China, o ex-alfaiate Zhou
Chengjian, 44, conseguiu competir de igual para igual com as
grandes marcas, na terra onde
pradas e armanis, falsos ou verdadeiros, estão por toda a parte.
A marca criada por ele, Metersbonwe, tornou-se a mais
popular do país entre jovens de
18 a 25 anos.
Em 14 anos, abriu 382 grandes lojas nas principais cidades
chinesas e espalhou 2.259 franquias em cidades médias e pequenas por todo o país. Sua fortuna pessoal é estimada em
US$ 2,6 bilhões, pela "Forbes".
Em tempos de contração de
consumo no planeta, ele está
em ascensão, segundo a "Forbes". "Não exporto nada, então
não fui afetado pela crise mundial. E nossos produtos têm
preços acessíveis ao público jovem", diz Zhou à Folha.
A Metersbonwe, um cruzamento quase teenager da Zara
com a Gap, mantém uma equipe de designers franceses e chineses. "Nós mandamos nosso
time para França, Japão, Hong
Kong e Coreia do Sul, para fazer pesquisa de campo e assistir aos desfiles", conta Zhou.
Sua empresa também é parceira do escritório Peclers Paris,
que investiga tendências. "Mas
o principal ativo é que nossos
designers são muito jovens, então eles sabem a necessidade
da geração deles", afirma.
Longe de revolucionar a história da moda, a regra nas vitrines da Metersbonwe, assim como nas ruas chinesas, é o "tudo
ao mesmo tempo agora" -cores que parecem não conversar, peças de noite misturadas
a outras casuais, o esportivo
com o social. Para o jovem chinês, sobreposição demais nunca é suficiente.
Até 1995, Zhou era um alfaiate que fazia ternos em Wenzhou, cidade portuária do leste
chinês que é considerada um
dos berços do novo capitalismo
do país nas últimas três décadas. Ele trabalhava 16 horas
por dia com a família, desenhando e costurando.
Naquele ano, abriu a primeira loja de moda jovem em
Wenzhou. O nome da empresa
surgiu das palavras "meters" e
"bonwe", que Zhou escolheu
pela sonoridade, parecida a caracteres chineses que significam a mistura de "beleza" e
"singularidade".
Glamour em casa
Para convencer o jovem chinês, obcecado por grifes estrangeiras, que a marca "made in
China" pode ser "cool", Zhou
precisou apostar alto.
Contratou vários astros jovens como garotos-propaganda
-o último, cara da marca desde
2003, é o cantor e ator taiwanês
Jay Chou, o Justin Timberlake
oriental. E foi um dos patrocinadores da cobertura da última
Copa do Mundo pela rede estatal CCTV.
O glamour também se estende aos funcionários. Raridade
no país, onde direitos trabalhistas ainda são inexistentes para
a maioria, a empresa distribui
viagens de férias para executivos e vendedores, paga bons
planos de saúde e dá apartamentos de presente aos que
têm melhor performance. Todo ano, organiza uma festa de
gala com astros locais para os
12 mil empregados.
No ano passado, 200 milhões
de chineses compraram alguma das 20 mil peças produzidas
pela Metersbonwe.
Zhou admite que, com a recessão global, seus planos de internacionalização da marca devem esperar. "Desejo que consumidores de todo o mundo
sintam as vibrações da nova
moda chinesa, mas primeiro temos que fazer as coisas benfeitas aqui na China, com muito
controle de qualidade, para ficarmos fortes, antes de sair para o mundo", diz. Para ele, o
mercado de moda na China é
vasto e tem muito espaço para
crescer. "Nós temos apenas 5%
do mercado, e acho que posso
chegar a 80%. Por que não?"
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