São Paulo, Sábado, 03 de Abril de 1999
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FESTIVAL
Guitarrista americano se apresenta em 8 de abril, no Heineken Concerts
Scofield toca bossa nova em SP

Divulgação
O guitarristas norte-americano John Scofield, que toca no Heineken



CARLOS CALADO
especial para a Folha

Um dos melhores guitarristas de jazz da atualidade estará na sétima edição do Festival Heineken Concerts. John Scofield será o convidado especial do contrabaixista Zeca Assumpção, na noite de 8 de abril, no teatro Alfa Real.
Improvisador de primeira, com uma sonoridade ácida que não dispensa distorções, Scofield ficou mais conhecido ao tocar com o trompetista Miles Davis, entre 1982 e 1985. De lá para cá, sua música tem oscilado entre o pós-bebop, o funk e o jazz-soul.
A gravadora Universal aproveita sua vinda para lançar aqui o CD "A Go Go" (Verve), com o qual liderou por várias semanas a parada americana de jazz, em 98.

Folha - Como nasceu essa parceria com Zeca Assumpção?
John Scofield -
Conheci Zeca por volta de 74, quando ainda estudávamos na Berklee School, em Boston. Na época, tive a chance de tocar com outros brasileiros que viviam lá, como Cláudio Roditi, Victor Assis Brasil e Raul de Souza. Foram minhas primeiras experiências com a música brasileira.
Folha - O que vocês estão preparando para o Heineken Concerts?
Scofield -
Vamos tocar com um grupo bem interessante, que inclui Nando Carneiro, no violão, e Jacques Morelenbaum, que é um violoncelista incrível. Eu já os conhecia de outros festivais, e teremos alguns dias para ensaiar. Não será uma simples "jam session".
Folha - E o repertório?
Scofield -
Zeca já me mandou algumas de suas composições, e eu sugeri algumas minhas. Escolhi temas que se adaptam a um idioma próximo da bossa nova, alguns gravados em meu álbum "Quiet". Mas como Nando deve tocar violão, vou atacar de guitarra.
Folha - Seu álbum mais recente, "A Go Go", será lançado agora no Brasil. Como você o define?
Scofield -
Foi uma experiência muito especial, porque tive a chance de gravar com o grupo Medeski, Martin & Wood. Esses caras costumam atrair milhares de jovens onde quer que toquem, fazendo uma música "funky" e bem solta.
Folha - Numa entrevista para a revista "Jazzis", no ano passado, você criticou aqueles que tentam transformar o jazz em música clássica. Poderia explicar melhor?
Scofield -
Talvez eu não tenha me expressado direito. Acho que o jazz já é uma música clássica e merece ser ouvido e respeitado. O problema está em se ensinar o jazz de uma maneira tão rígida quanto se faz na música clássica. Uma das grandes qualidades do jazz é justamente sua evolução constante. Se você ensina a tocá-lo como se ainda vivêssemos na época do bebop, você acaba transformando essa música em peça de museu.

Festival: Heineken Concerts
Ingressos: entre R$ 20 e R$ 65
Onde comprar: Alfa Real (tel. 0800-558191 e 011/5693-4000), Tom Brasil (tel. 011/820-2326) e Fun By Phone (tel. 011/ 867-8687)



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