São Paulo, sexta-feira, 03 de maio de 2002

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RUÍDO

Mercado musical nacional cai 25%

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é à toa que os Estados Unidos dão alarme sobre o avanço da pirataria no Brasil e o prejuízo que isso traz a eles -não a nós. Segundo balanço recém-publicado pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), o mercado musical mundial encolheu 6,5% em unidades vendidas e 5% em faturamento no ano de 2001.
O Brasil, país da música, desempenha papel de ponta no fenômeno. Despencou de sétimo mercado mundial para 12º, acumulando queda livre de 25%, em unidades vendidas e faturamento. Mesmo caindo 16%, o México sobe a oitavo no ranking e rouba do Brasil o posto de maior mercado da América Latina (que na média caiu 21,5%). Nos EUA, as perdas são de 9,4% em unidades e 4,5% em dólares.
"São números muito ruins. Há alguma coisa que está atrapalhando, porque talento sempre existe. É a pirataria", reza o diretor-geral da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), Márcio Gonçalves, reconhecendo que sua repetição de diagnóstico já é "ladainha".

O NÃO-LANÇAMENTO

Na enxurrada de bandas de rock dos 80, uma que ficou meio perdida na memória foi a Nau, de Vange Leonel. Rock bravo e ríspido com densidade poética era o mote do quarteto, que a Sony (então CBS) bancou na virada de 86 para 87, para nunca mais. Mais tarde, em 90, a mesma gravadora bancou uma estréia solo de Vange (que emplacou o hit brega-chique de novela global "Calada Noite Preta"), também desaparecida até hoje. Sony: 0/xx/21/2559-5200 e 0/xx/11/5507-2101.

AGENDA CONTRACORRENTE

Mas mais gente desafia a crise: a "Zero", mais uma revista sobre música, chegou às bancas nesta semana. Diferente da concorrente também novata "Frente", aposta em cultura geral, além de música, e centra foco menos na música brasileira, mais no pop planetário.

AGENDA POSITIVA

Para combater a onda de más notícias, a ABPD tenta exceder suas atividades institucionais e avisa que pretende patrocinar um festival de revelação de novos talentos em São Paulo ("temos que criar alternativas para o mercado", explica Márcio Gonçalves). De quebra, tenta convencer a Rede Globo a veicular uma versão só brasileira do ultracomercial prêmio Grammy.

DE MUDANÇA

Em São Paulo, duas gravadoras -Universal e Trama- se mudaram, de centrais alugadas para sedes próprias. O escritório da BMG agora fica na própria fábrica de CDs da gravadora. Definitivamente, é tempo de lipoaspiração de despesas.

MISTÉRIO

A MTV e a Sony negam que a Globo ou o próprio Roberto Carlos tenha pedido o embargo definitivo do DVD de seu "Acústico MTV", mas as pré-vendas permanecem suspensas, e a data de lançamento volta a ficar indefinida. "Estamos neste momento submetendo uma nova versão à apreciação de Roberto. O único problema é sua aprovação definitiva", explica o presidente da Sony, José Antonio Eboli. Enquanto isso, dê-lhe marketing em cima das expectativas, como já aconteceu com o CD.

psanches@folhasp.com.br



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