São Paulo, sexta-feira, 03 de maio de 2002

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MÚSICA

Vocalista fala por que a banda britânica, após 20 anos, ainda é importante para o rock e promete "show de hits"

McCulloch revive Echo de 1981 no Brasil

DA REDAÇÃO

Ele está de volta. De novo. Ian McCulloch, líder e vocalista daquela que já foi uma das maiores e melhores bandas da história do rock, retorna ao Brasil pela quarta vez no fim deste mês para três shows no país com seu Echo & The Bunnymen: dias 27 e 29 no Credicard Hall, em São Paulo, dia 30 em um festival em Vitória e dia 31 no ATL Hall, no Rio.
Formado em 1978, o grupo de Liverpool se apresentou em palcos brasileiros em 1987 e em 1999. E, no ano passado, McCulloch veio ao país divulgar o mais recente CD da banda, "Flowers" (leia texto ao lado). "Sempre fomos muito bem recebidos aí. Amamos o Brasil", disse McCulloch à Folha, por telefone.
Da formação original, apenas McCulloch e o guitarrista Will Sergeant ainda fazem parte do Echo. O baterista Pete de Freitas morreu num acidente de trânsito, e o baixista Les Pattinson deixou o rock para virar empresário.
A seguir, leia trechos da entrevista em que McCulloch, com sua indefectível arrogância roqueira, fala sobre os shows no Brasil, o atual momento do rock e (o assunto que dominou a conversa) futebol. (THIAGO NEY)

Folha - Como você está?
Ian McCulloch -
Feliz, o Manchester foi eliminado ontem [terça, da Copa dos Campeões da Europa, pelos alemães do Bayer Leverkusen". Todos nós em Liverpool estamos felizes.

Folha - Mas, se [David" Beckham tivesse jogado, talvez o resultado fosse diferente...
McCulloch -
É, talvez, mas o Leverkusen tem bons jogadores e não é tão rico. O Manchester tem um time milionário... Estou torcendo para a "zebra".

Folha - E o que a banda está fazendo agora?
McCulloch -
Agora, nada. Estamos dando um tempo. Vamos tocar em alguns festivais no verão, temos shows em Liverpool e, claro, vamos ao Brasil. Será o principal momento do ano para nós. Amamos o Brasil.

Folha - Das outras vezes em que esteve no país, do que se recorda?
McCulloch -
Bem, tocamos aí em 87, e aqueles estão entre os melhores shows que já fizemos. As cinco noites em São Paulo foram incríveis. Era uma época em que ninguém ia ao Brasil, não sabíamos se éramos populares aí.

Folha - E o que podemos esperar desses próximos shows?
McCulloch -
A melhor banda ao vivo do mundo. Basicamente, um set longo... de uma hora e meia, duas horas. Vamos tocar os hits, "The Game", "The Cutter", "Bring on the Dancing Horses"...

Folha - Algum cover?
McCulloch -
Sim, claro. Talvez alguma coisa do Electrafixion [projeto de McCulloch e Sergeant", talvez "People Are Strange" [The Doors", "Ticket to Ride" [Beatles". Gostamos de tocar covers.

Folha - Tirando o Echo, tem alguma banda de que você goste?
McCulloch -
Gosto do Hives, são bons, lembram os Stooges, The Strokes, se bem que prefiro os originais (Television...), Coldplay...

Folha - Esse é um bom momento para o rock, não?
McCulloch -
E só pode ficar melhor, com todo esse lixo pop por aí. É uma boa hora para Strokes, White Stripes, The Vines...

Folha - Recentemente o Oasis teve seu álbum que ainda não foi lançado copiado para a internet. Qual sua opinião sobre a troca de arquivos musicais pela rede?
McCulloch -
Acho que só pode ser uma coisa boa. Os garotos podem ouvir e decidir o que é bom e o que não é. Se a banda for boa, as pessoas vão comprar o álbum. Quando eu era criança, costumava gravar fitas dos grupos de que gostava. É a mesma coisa.

Folha - Você usa a internet?
McCulloch -
Não, não. Prefiro assistir à TV, ir ao pub, ao estádio de futebol...

Folha - Como está sua relação com Will Sergeant?
McCulloch -
Está tudo bem. As pessoas continuam perguntando sobre coisas que aconteceram anos atrás... É besteira.

Folha - O Echo fará, junto com o New Order, um grande show no Finsbury Park, e o The Cure se apresentará no Hyde Park [dois grandes parques de Londres" durante o verão europeu. É a volta por cima dessas bandas? Vocês são amigos?
McCulloch -
Conheço os caras do New Order há muito tempo, são boa gente. Eles são de Manchester, então não são as pessoas mais inteligentes do mundo... Quanto ao Cure, Robert Smith [vocalista" está tão gordo que ele precisa de espaços grandes como o Hyde Park...

Folha - E por que você acha que o Echo, em 2002, com mais de 20 anos de estrada, ainda é importante para o rock?
McCulloch -
Porque nós ainda somos brilhantes. Somos necessários pelas mesmas razões que éramos importantes em 1981. Somos uma das 20 melhores bandas da história do rock.



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