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Biógrafo de Roberto Carlos diz se sentir "abandonado"
Para historiador Paulo Cesar de Araújo, livro sobre o "Rei" ficou "sem
defesa" na audiência que resultou na proibição definitiva de sua produção e venda
Advogado da editora diz que acordo não sairia sem vontade do autor; Araújo diz
que clima era "favorável" a Roberto, mas juiz nega
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
O historiador Paulo Cesar de
Araújo diz que se sentiu "abandonado" e que viu seu livro ficar "sem defesa" durante a audiência na última sexta-feira
que resultou no acordo para a
proibição definitiva da produção e venda da biografia "Roberto Carlos em Detalhes". Roberto havia alegado invasão de
privacidade e, diante do acordo,
desistiu dos processos cível e
criminal que havia aberto.
Araújo afirma, no entanto,
que, desde o início da audiência, a sorte do livro já estava
lançada. "Foram cinco horas
debatendo dinheiro. Sabia-se
que os livros seriam destruídos.
Depois, o que se discutiu foi
quem pagaria os honorários
dos advogados de Roberto e se
haveria ou não indenização para ele", reclama o escritor.
A polêmica em torno do
acordo foi retomada ontem,
com o artigo "O que é contexto
desfavorável?", do escritor
Paulo Coelho, publicado na Folha. Coelho se disse chocado
com a "atitude infantil" de Roberto e exigiu uma explicação
da Planeta, também sua editora, para as circunstâncias em
que foi feito o acordo.
Em comunicado, a Planeta
diz que as razões do acordo em
nada põem em risco a liberdade a que também se referiu
Paulo Coelho. Mas que elas resultaram de um "contexto desfavorável" para todos:
"Roberto Carlos não quis
correr o risco de perder a demanda e ver o livro publicado
outras tantas edições; a Planeta
e o autor, diante dos titubeios
até então apresentados pelos
juízes cível e criminal, e até
mesmo pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em garantir plenamente -e com rapidez- seus direitos constitucionais, achou por bem encampar
a proposta do acordo".
Ronaldo Tovani, advogado
da Planeta, ressaltou que o
acordo não teria saído se não
fosse da vontade do autor também. "Juridicamente, não seria
possível. Se houve arrependimento, e me refiro ao Paulo Cesar, é uma situação em que não
se pode voltar atrás."
Araújo se queixa ainda de
que houve um "clima favorável" a Roberto por parte do juiz
Tércio Pires, que presidiu a audiência, e que teria advertido o
tempo todo que vislumbrava
uma condenação e uma indenização muito alta. O juiz contesta Araújo, dizendo que apenas
informou o que poderia ter
acontecido se os acionados não
tivessem ido à audiência.
"O que se poderia concluir?
Que ele [o acionado ausente]
está de boa-fé? Não. E isso poderia desencadear uma medida
extrema. Eu poderia mandar
proibir a rodagem dos livros. A
Justiça não iria se prestar a
manobras para que continuasse vendendo a obra sem discussão da legalidade."
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