São Paulo, quinta-feira, 03 de maio de 2007

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Biógrafo de Roberto Carlos diz se sentir "abandonado"

Para historiador Paulo Cesar de Araújo, livro sobre o "Rei" ficou "sem defesa" na audiência que resultou na proibição definitiva de sua produção e venda

Advogado da editora diz que acordo não sairia sem vontade do autor; Araújo diz que clima era "favorável" a Roberto, mas juiz nega


EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

O historiador Paulo Cesar de Araújo diz que se sentiu "abandonado" e que viu seu livro ficar "sem defesa" durante a audiência na última sexta-feira que resultou no acordo para a proibição definitiva da produção e venda da biografia "Roberto Carlos em Detalhes". Roberto havia alegado invasão de privacidade e, diante do acordo, desistiu dos processos cível e criminal que havia aberto.
Araújo afirma, no entanto, que, desde o início da audiência, a sorte do livro já estava lançada. "Foram cinco horas debatendo dinheiro. Sabia-se que os livros seriam destruídos. Depois, o que se discutiu foi quem pagaria os honorários dos advogados de Roberto e se haveria ou não indenização para ele", reclama o escritor.
A polêmica em torno do acordo foi retomada ontem, com o artigo "O que é contexto desfavorável?", do escritor Paulo Coelho, publicado na Folha. Coelho se disse chocado com a "atitude infantil" de Roberto e exigiu uma explicação da Planeta, também sua editora, para as circunstâncias em que foi feito o acordo.
Em comunicado, a Planeta diz que as razões do acordo em nada põem em risco a liberdade a que também se referiu Paulo Coelho. Mas que elas resultaram de um "contexto desfavorável" para todos:
"Roberto Carlos não quis correr o risco de perder a demanda e ver o livro publicado outras tantas edições; a Planeta e o autor, diante dos titubeios até então apresentados pelos juízes cível e criminal, e até mesmo pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em garantir plenamente -e com rapidez- seus direitos constitucionais, achou por bem encampar a proposta do acordo".
Ronaldo Tovani, advogado da Planeta, ressaltou que o acordo não teria saído se não fosse da vontade do autor também. "Juridicamente, não seria possível. Se houve arrependimento, e me refiro ao Paulo Cesar, é uma situação em que não se pode voltar atrás."
Araújo se queixa ainda de que houve um "clima favorável" a Roberto por parte do juiz Tércio Pires, que presidiu a audiência, e que teria advertido o tempo todo que vislumbrava uma condenação e uma indenização muito alta. O juiz contesta Araújo, dizendo que apenas informou o que poderia ter acontecido se os acionados não tivessem ido à audiência.
"O que se poderia concluir? Que ele [o acionado ausente] está de boa-fé? Não. E isso poderia desencadear uma medida extrema. Eu poderia mandar proibir a rodagem dos livros. A Justiça não iria se prestar a manobras para que continuasse vendendo a obra sem discussão da legalidade."


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