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Katrina abalou até o Festival de Jazz da cidade
DO ENVIADO ESPECIAL A NOVA
ORLEANS
Basta andar pelas ruas do
French Quarter, o bairro histórico de Nova Orleans, para
perceber que o clima permanente de festa já não é o mesmo de antes do furacão Katrina (2005).
Até no Festival de Jazz notam-se mudanças: palcos como o Congo Square (voltado
a gêneros musicais de ascendência africana) ou a Tenda
Gospel já não atraem platéias tão grandes e majoritariamente negras.
Isso não se deve apenas ao
aumento dos preços dos ingressos, que chegaram a US$
50 (cerca de R$ 85) neste
ano, mas também ao fato de
centenas de milhares de habitantes da cidade -especialmente das áreas mais pobres- não terem retornado
às suas casas.
Músicos, artistas e empresários ligados à gastronomia
e à cena cultural de Nova Orleans participaram no último sábado de uma mesa-redonda com o vice-governador do Estado da Louisiana,
Mitch Landrieu, para discutir o papel desse setor na reconstrução da cidade e na
preservação de sua cultura.
Apoiado no fato de que a
música, a culinária e as artes
plásticas empregam mais de
140 mil pessoas na Louisiana, além de serem fatores essenciais para atrair turistas,
Landrieu tem investido em
projetos para incrementar
esse setor, incluindo redução
de impostos e programas
educacionais.
"Não sabem negociar"
"Em geral, os artistas não
sabem negociar. Precisamos
criar programas para ensiná-los a desenvolver suas carreiras", afirmou o vice-governador do Estado, cujos projetos
partem da tese de que "a arte
e a cultura não podem ser separadas do que se costuma
chamar de desenvolvimento
econômico".
Vivendo um grau inédito
de sucesso em sua carreira,
graças ao Grammy de "melhor álbum de blues contemporâneo" que conquistou em
2007 com o CD "After the
Rain", a cantora Irma Thomas foi responsável pelo depoimento mais emotivo da
mesa-redonda.
"Eu estava no Texas quando o Katrina chegou. Houve
um momento em que precisei ficar quieta e chorar, mas
assim que a água baixou decidi voltar à minha casa. Esse
é o lugar que escolhi para
passar meus últimos dias",
disse a cantora, conhecida
como "a rainha do soul de
Nova Orleans".
(CC)
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