São Paulo, segunda-feira, 03 de maio de 2010

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Orquestra relê Brahms e Schumann

Depois de 140 anos de tradição, Filarmônica de Dresden conserva sonoridade tipicamente germânica

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com 140 anos de tradição na música alemã, a Filarmônica de Dresden mostra hoje e amanhã, na Sala São Paulo, um repertório 100% germânico, na série de concertos da Sociedade de Cultura Artística.
"Durante os 50 anos que durou a Alemanha Oriental, a filarmônica, por necessidade, ficou internacionalmente isolada, já que não havia contato com o exterior", diz Rafael Frühbeck, 76, um espanhol de sangue alemão que acrescentou o nome de sua cidade natal (de Burgos) à assinatura.
"Esse isolamento fez com que a filarmônica conservasse a sonoridade tipicamente germânica, enquanto as orquestras de hoje são mais híbridas", diz Burgos, regente titular do grupo de Dresden desde 2004.
"Nosso som de cordas é mais escuro, pastoso e redondo do que uma orquestra italiana, francesa ou inglesa", define o maestro, que foi diretor musical de instituições como as sinfônicas de Montréal e Viena.
"Nas madeiras, também, o modo de tocar é distinto de uma orquestra francesa."
No mundo pós-Muro de Berlim, evidentemente, a orquestra está globalizada. "Temos músicos chineses, japoneses, coreanos. Mas, aos poucos, os envolvemos em nossa forma de tocar", diz o regente.
Criada em 1870 com o nome de Gewerbehausorchester (Orquestra da Casa de Comércio), a Filarmônica de Dresden recebeu sua denominação atual em 1915. Entre os nomes que a regeram, está o compositor Johannes Brahms (1833-1897), do qual a orquestra executa, hoje, a primeira sinfonia e, amanhã, a "Sinfonia nº 2".
O solista convidado das apresentações é o germano-canadense Johannes Moser, 30, nome ascendente no cenário internacional do violoncelo que, no ano passado, tocou com a Osesp na Sala São Paulo.
Hoje, Moser homenageia o bicentenário de nascimento do compositor alemão Robert Schumann (1810-1856), tocando seu concerto para violoncelo, enquanto, amanhã, interpreta "Dom Quixote", obra do alemão Richard Strauss (1864-1949) baseada no livro homônimo do espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616).
A apresentação de hoje traz, ainda, um autor vivo: Wofgang Rihm, 58, autor de mais de 400 partituras, cuja linguagem costuma ser considerada menos hermética e mais acessível do que a das vanguardas de seu país. "É um olhar contemporâneo sobre a obra de Brahms", define Burgos, sobre "Brahmsliebewalzer nº 2".


FILARMÔNICA DE DRESDEN

Quando: hoje e amanhã, 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 0/xx/11/3258-3344)
Quanto: R$ 150 a R$ 300 (R$ 10 para estudantes até 30 anos)
Classificação: livre




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