São Paulo, terça-feira, 03 de maio de 2011

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OPINIÃO

Profissionalização do setor impulsiona solicitações

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se as encomendas sempre foram importantes para a música erudita, elas se tornaram especialmente vitais no século 20.
Isso porque, a partir desse período e em oposição ao que acontecia até então, as orquestras e teatros de ópera se converteram em espécies de "museus sonoros".
Passaram a privilegiar a música do passado em detrimento dos compositores contemporâneos.
No Brasil, uma política mais consistente de encomendas tem sido favorecida pela profissionalização progressiva das instituições sinfônicas, que ocorre desde o final dos anos 1990, tendo a Osesp como impulsionadora e paradigma.
Melhor estruturadas, as orquestras podem remunerar dignamente os compositores aos quais pedem obras, bem como executá-las em nível mais elevado e até fazer edições das partituras.

INFLEXÃO ESTÉTICA
Em anos recentes, o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão e a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo foram ainda mais longe e chegaram até a instituir a figura do compositor-residente -algo que é comum no primeiro mundo, mas ainda ausente nas tradições nacionais.
Do ponto de vista estético, houve uma curiosa inflexão no gosto. Se, nos anos 1960, o gaúcho Radamés Gnattali (1906-1988) era vaiado pelas vanguardas por mesclar os idiomas erudito e popular, hoje essa mistura parece estar sendo buscada e favorecida nas encomendas.
Depois da estreia, seja para "vanguardistas" ou "populares", o desafio consiste na permanência no repertório. Muitas encomendas são executadas apenas na primeira audição, sendo depois abandonadas mesmo por quem as requereu.


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