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RELÂMPAGOS
O leito
vitorioso
JOÃO GILBERTO NOLL
Ali, o enfermeiro. Na vidraça, as linhas nervosas da
avenida. Aqui, máquinas
mantendo desenganados
com o gráfico das pulsações.
Procurando o leito dele eu
concluía: "Seu apego à vitória é vigoroso, vocês verão: é
capaz de enterrar até o meu
caçula". A máquina que respirava nele ecoava um som
cavernoso. De cena de terror. Ou farsa. Sem sentir
mudei de agonizante. Um
moço que balbuciava alguma ânsia pelo resultado de
um jogo. "Três a um", blefei.
"Para quem?", ele sussurrou. "Ora!, para quem podia
ser?", respondi em minha
santa ignorância de qualquer partida,mas embalado,
de fato embalado por uma
fulminante, inefável vitória.
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