São Paulo, segunda, 3 de maio de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RELÂMPAGOS
O leito vitorioso

JOÃO GILBERTO NOLL

Ali, o enfermeiro. Na vidraça, as linhas nervosas da avenida. Aqui, máquinas mantendo desenganados com o gráfico das pulsações. Procurando o leito dele eu concluía: "Seu apego à vitória é vigoroso, vocês verão: é capaz de enterrar até o meu caçula". A máquina que respirava nele ecoava um som cavernoso. De cena de terror. Ou farsa. Sem sentir mudei de agonizante. Um moço que balbuciava alguma ânsia pelo resultado de um jogo. "Três a um", blefei. "Para quem?", ele sussurrou. "Ora!, para quem podia ser?", respondi em minha santa ignorância de qualquer partida,mas embalado, de fato embalado por uma fulminante, inefável vitória.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.