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VIOLÊNCIA
Indústria cultural não discute massacre
RENATO FRANZINI
de Nova York
Cinco dos principais conglomerados de cinema e música dos Estados Unidos se recusaram a enviar
executivos amanhã para testemunhar em uma audiência no Senado
que discutirá o efeito de filmes,
discos e videogames violentos sobre os jovens americanos.
Essa audiência é a primeira de
uma série marcada por diversos
comitês do Congresso dos EUA depois do massacre da escola Columbine, em Littleton (Colorado), que
resultou em 15 mortes.
No dia 20 de abril, dois estudantes armados entraram na escola e
abriram fogo contra estudantes e
professores, situação que lembra
uma cena do filme "Diário de um
Adolescente" (1995), com Leonardo DiCaprio.
Desde então, deputados e senadores passaram a discutir a possibilidade de implantar leis restringindo (ou sobretaxando) produtos
culturais "violentos". Principalmente depois que se soube que os
autores do massacre eram fãs do
cantor Marilyn Manson, autor de
letras que falam em morte.
A recusa de Time Warner, Sony,
BMG, Viacom (dona da Paramount) e Seagram (Universal Studios) de participar dessa audiência
foi interpretada por analistas políticos como um sinal de que será difícil implantar nova legislação.
As audiências são comuns no
Congresso norte-americano e
muitas vezes são o primeiro passo
para a criação de nova lei.
Segundo o porta-voz do senador
republicano Sam Brownback, do
Comitê de Comércio, que convocou a audiência, os estúdios de cinema serão representados pelo
presidente da Associação Americana de Cinema, Jack Valenti.
Brownback fez uma série de discursos no Senado nos quais disse
que a mídia é um "fator comum"
no aumento da violência juvenil.
"A imersão de crianças problemáticas numa cultura de glorificação
da violência é uma receita para o
desastre", disse na última quarta.
No mesmo dia, ele mostrou num
quadro negro aos senadores uma
letra do cantor Marilyn Manson
que dizia o seguinte: "Meu ódio é
um prisma. Vamos apenas matar
todo mundo e deixar seu Deus escolher entre eles. Foda-se".
Os executivos evitaram comentar as palavras dos congressistas.
Mas, no dia da tragédia no Colorado, o presidente da Time Warner,
Gerald Levin, acusou os políticos
de "oportunismo". "A TV é um bode expiatório fácil. Cadê o grito
contra a proliferação de armas?",
perguntou.
Pressionado por congressistas, o
presidente dos EUA, Bill Clinton,
convocou para o dia 10 de maio um
fórum de discussão das causas da
violência entre os jovens, com representantes das indústrias de armas e produção cultural. Na sexta,
tentou não culpar ninguém pelo
massacre. Sua única ação até agora
foi propor uma lei restringindo a
venda de armas a jovens.
Os críticos o acusam de fazer isso
porque os estúdios estão entre seus
maiores doadores de campanha. A
Time Warner, produtora do violento "Assassinos por Natureza",
doou para o comitê democrata, somando 1997 e 1998, US$ 211 mil. A
Saban, produtora de desenhos como "Homem-Aranha" e "As Tartarugas Ninjas", doou US$ 328 mil.
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