São Paulo, sábado, 03 de junho de 2006

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O número mágico

"The Perfect Ten", livro do jornalista britânico Richard Williams, investiga as razões do encanto da camisa 10 no futebol, recupera a trajetória de dez jogadores que a carregaram e defende uma polêmica lista de destaques

Entre as divertidas opiniões do autor, estão a de que a função deveria valer um Nobel e que, para fazer um Pelé, é preciso três italianos


Kieran Doherty - fev.2002/Reuters
Mulher exibe a camisa 10 usada por Pelé na copa de 1970, antes de ir à leilão, na Christie's


SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

É mais ou menos como se todos tivessem freqüentado Hogwarts na infância -a escola de magia só para quem é bruxo, no mundo fantástico de "Harry Potter". Para o jornalista Richard Williams, 59, editor de esportes do diário britânico "The Guardian" e autor de "The Perfect Ten", os jogadores que levam o número 10 nas costas participam de uma liga mágica, espécie de sociedade secreta que carrega, através dos tempos, o segredo do futebol.
"Eles são a beleza do esporte, mas guardam as chaves de sua lógica", disse Williams, em entrevista, às vésperas de viajar para a Copa da Alemanha.
O jornalista defende que o encanto dos camisas 10 apóia-se, primeiro, no fato de serem símbolo de um dos primeiros encontros do homem com sua masculinidade; depois, por sua função propriamente dita. "Um grande camisa 10, por mais limitada que seja a sua articulação verbal, tem a cabeça cheia de uma geometria tridimensional fluida que poderia lhe valer um Prêmio Nobel, se pudesse ser transferida para o papel ou para a tela de um computador."
Seu livro não é um ranking dos melhores camisas 10 da história do futebol, mas uma escolha baseada nos jogadores que viu jogar e no fascínio que lhe causa o caráter épico de algumas trajetórias. E, para cada contestação que se faz à sua lista de dez nomes, ele tem um sempre bom argumento, que expõe com típico humor britânico. À da Folha, por exemplo: "Por que você escolheu três italianos e apenas um brasileiro?". "Bom, porque um Pelé vale três italianos", ri.
Em tempo de Copa, tanto quem sabe tudo de futebol como quem só palpita nessas horas há de concordar que propor listas e brigar por elas é uma das coisas mais divertidas de fazer. Eurocêntrico e parcial, "The Perfect Ten" põe lenha na fogueira.


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