São Paulo, domingo, 03 de junho de 2007

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Crítica

"Alcatraz" reflete sobre a liberdade

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Robert Bresson escreveu, em seu "Notas sobre o Cinematógrafo", que não devemos temer uma má reputação, e sim uma boa reputação que não possamos sustentar.
A frase me vem à memória quando penso em John Frankenheimer, de quem se vê "O Homem de Alcatraz" (TCM, 22h). Que relação tem o filme com "Ronin" (1998), o último filme dele a obter repercussão? Nenhuma que eu identifique.
"Ronin" é só um filme comercial, "O Homem de Alcatraz", reflexão sobre o sentido da liberdade a partir do destino de um homem que as circunstâncias levaram ao cativeiro.
"Ronin" vai empurrado pela barriga, como se ouvisse o ponto batendo a cada seqüência. "O Homem", ao contrário, é feito do desejo de mostrar, de trazer o inusitado à tela.
É verdade que, antes de "Ronin", Frankenheimer criou um fascinante "George Wallace" para a TV, mas esse deve muito ao personagem (o ex-governador racista do Alabama que, diz o filme, nunca foi pessoalmente racista).
Pode-se dizer que o melhor de JF está nos anos 60, um pouco nos 70, quando conseguiu trazer a inquietude da câmera de reportagem para a ficção. Nesse momento, ele fazia brilhar até títulos comerciais, como "Grand Prix": até hoje, com toda a tecnologia, ninguém filmou corridas de automóvel tão bem. Mas, nas últimas décadas, o diretor parece viver de uma reputação que já não se esforça para sustentar.


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